A dificuldade maior em lidar com o
conhecimento é que ele é tácito, orientado para a ação, baseado em regras,
individual e está em constante mutação fazendo com que sua aplicação não seja,
em geral, algo simples. Por isso, muitos autores estão preferindo trabalhar com
o conceito de competência. A competência de uma pessoa consiste em cinco
elementos mutuamente dependentes:
1.
Conhecimento
explícito: o conhecimento explícito envolve conhecimento dos fatos
e é adquirido principalmente pela informação, quase sempre pela educação formal.
É o conhecimento exposto em documentos, manuais, livros, etc. O conhecimento
explícito é expresso pela linguagem formal, como a gramática e a matemática e
representa a acumulação de políticas, procedimentos e processos de negócio que
formam a base das operações da organização. O custo de compartilhar o
conhecimento explícito por meios eletrônicos e gráficos é baixo, mas o custo de
capturar o conhecimento tácito e transformá-lo em conhecimento explícito é
muito elevado. Em muitas organizações, o conhecimento explícito tem uma vida
curta. A informação torna-se rapidamente obsoleta à medida que o ambiente de
negócio muda, e a inovação acontece.
2.
Habilidade: é a arte de saber fazer, envolve
alguma proficiência prática – física ou mental – e é adquirida por treinamento
e prática. Inclui o conhecimento de regras de procedimentos e habilidades de
comunicação.
3.
Experiência: é adquirida pela reflexão sobre
erros e sucessos passados.
4.
Julgamentos
de valor: são percepções que o indivíduo acredita serem certas.
Os julgamentos de valor agem como filtros conscientes e inconscientes para o
processo de saber de cada indivíduo.
5.
Rede
Social: é
formada pelas relações do indivíduo com outras pessoas dentro de um ambiente e
uma cultura transmitidos pela tradição.
A competência depende do ambiente em
que é utilizada. Se uma pessoa se muda para um novo ambiente, ela perde
competência. Daí o termo competência – usado por Sveiby como sinônimo de saber
e de conhecimento – ser uma noção mais abrangente do que a conotação popular do
conhecimento a qual tende a se limitar à
habilidade prática. Todavia, a competência aqui é individual, e esse conceito é
diferente do uso genérico do termo em teoria e estratégia organizacionais.
Veja as principais diferenças entre
o conhecimento tácito e explícito:
Os ocidentais tendem a enfatizar o
conhecimento explícito, enquanto os japoneses tendem a enfatizar o conhecimento
tácito. Todavia, esses dois tipos de conhecimento não são entidades totalmente
separadas, mas complementares. Interagem entre si e realizam trocas nas
atividades criativas das pessoas. A essa interação, Nonaka e Takeuchi dão o
nome de conversão do conhecimento. Essa conversão é um processo social
entre pessoas – e não é confinada dentro de um indivíduo – para sua contínua
expansão.
Desta interação entre os tipos de conhecimento,
ocorre a conversão do conhecimento, sendo possíveis quatro modos diferentes de
conversão do conhecimento:
1 - Conversão de conhecimento tácito em
conhecimento tácito, chamado de socialização;
2 - Conversão de conhecimento tácito em
conhecimento explícito, chamado de externalização;
3 - Conversão de conhecimento explícito em
conhecimento explícito, chamado de combinação;
4 - Conversão de conhecimento explícito em
conhecimento tácito, chamado de internalização.
Socialização
- Conversão do conhecimento tácito em conhecimento tácito. O processo de
conversão do conhecimento através da socialização consiste basicamente no compartilhamento
de experiências. O uso da linguagem não é necessário, prova disto é o fato de
aprendizes trabalharem com seus mestres e aprenderem sua arte, não através da
linguagem, mas sim por meio de imitação, observação e prática. Nos contextos
empresariais e de negócios, para aquisição dos conhecimentos tácitos são feitos
treinamentos práticos, utilizando-se basicamente o mesmo princípio dos mestres
para com seus aprendizes.
Externalização
- Conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito. Segundo
Nonaka & Takeuchi, a externalização é um processo de criação do
conhecimento perfeito, na medida em que o conhecimento tácito se torna explícito,
expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos.
A escrita constitui uma ferramenta capaz de
converter o conhecimento tácito em conhecimento explícito, porém, muitas vezes,
as expressões não são suficientemente claras e fiéis ao que tentam reproduzir.
Para obter-se a conversão de conhecimento tácito em explícito de maneira
eficiente e eficaz, pode-se fazer o uso seqüencial de metáfora, analogia e
modelo.
Para Bateson (apud NONAKA & TAKEUCHI, 1997, p.
74): A metáfora é uma forma de perceber ou entender intuitivamente uma coisa imaginando
outra coisa simbolicamente. É usada com mais freqüência no raciocínio abdutivo
ou em métodos não-analíticos para a criação de conceitos radicais. Para
Donnellon, Gray e Bougon (apud NONAKA & TAKEUCHI, 1997, p. 74): As
metáforas criam novas interpretações da experiência pedindo ao ouvinte para ver
uma coisa em relação a outra coisa e criam novas formas de experimentar a
realidade, constituindo um mecanismo de comunicação que pode funcionar de modo
a conciliar discrepâncias de significado.
A analogia é responsável por harmonizar as
contradições inerentes na metáfora, reduzindo o desconhecido através do
destaque dado a um ou mais pontos em comum de coisas diferentes. Desta maneira
a analogia ajuda a entender o desconhecido através do conhecido. Após o uso de
metáforas e analogias, chega-se então a um modelo lógico, que não deve
apresentar contradições.
Combinação -
Conversão do conhecimento explícito em conhecimento explícito.
É através da combinação que diferentes conjuntos de
conhecimento dão origem a um novo conhecimento. Quando indivíduos trocam e combinam
conhecimentos através de reuniões, redes de comunicações, palestras, documentos
ocorre este tipo de conversão do conhecimento.
Em uma Instituição de Ensino Superior, assim como
em muitas outras organizações, existem muitos dados dispersos, quando é feita
uma reunião e classificação de tais dados, novos conhecimentos sobre a
realidade da instituição são apresentados. No momento em que isto ocorre a
instituição possui novos conhecimentos baseados em conhecimentos já existentes
que não haviam sido combinados e por isto não apresentavam significado
relevante. O uso de sistemas computacionais, redes de comunicação e bancos de
dados em larga escala facilitam esse modo de conversão do conhecimento.
Internalização -
Conversão do conhecimento explícito em conhecimento tácito. É através deste
modo de conversão do conhecimento que o conhecimento tácito incorpora o
conhecimento explícito. Está intimamente relacionado ao "aprender
fazendo", porém a internalização também pode ocorrer sem a necessidade de
"reexperimentar" as experiências de outras pessoas. Quando ao ler ou
ouvir a experiência de uma pessoa, o indivíduo sente a essência e o realismo da
história, a experiência alheia pode tornar-se um modelo mental tácito.