segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Conhecimento e competência


A dificuldade maior em lidar com o conhecimento é que ele é tácito, orientado para a ação, baseado em regras, individual e está em constante mutação fazendo com que sua aplicação não seja, em geral, algo simples. Por isso, muitos autores estão preferindo trabalhar com o conceito de competência. A competência de uma pessoa consiste em cinco elementos mutuamente dependentes:
1.           Conhecimento explícito: o conhecimento explícito envolve conhecimento dos fatos e é adquirido principalmente pela informação, quase sempre pela educação formal. É o conhecimento exposto em documentos, manuais, livros, etc. O conhecimento explícito é expresso pela linguagem formal, como a gramática e a matemática e representa a acumulação de políticas, procedimentos e processos de negócio que formam a base das operações da organização. O custo de compartilhar o conhecimento explícito por meios eletrônicos e gráficos é baixo, mas o custo de capturar o conhecimento tácito e transformá-lo em conhecimento explícito é muito elevado. Em muitas organizações, o conhecimento explícito tem uma vida curta. A informação torna-se rapidamente obsoleta à medida que o ambiente de negócio muda, e a inovação acontece.
2.           Habilidade: é a arte de saber fazer, envolve alguma proficiência prática – física ou mental – e é adquirida por treinamento e prática. Inclui o conhecimento de regras de procedimentos e habilidades de comunicação.
3.           Experiência: é adquirida pela reflexão sobre erros e sucessos passados.
4.           Julgamentos de valor: são percepções que o indivíduo acredita serem certas. Os julgamentos de valor agem como filtros conscientes e inconscientes para o processo de saber de cada indivíduo.
5.           Rede Social: é formada pelas relações do indivíduo com outras pessoas dentro de um ambiente e uma cultura transmitidos pela tradição.

A competência depende do ambiente em que é utilizada. Se uma pessoa se muda para um novo ambiente, ela perde competência. Daí o termo competência – usado por Sveiby como sinônimo de saber e de conhecimento – ser uma noção mais abrangente do que a conotação popular do conhecimento a qual  tende a se limitar à habilidade prática. Todavia, a competência aqui é individual, e esse conceito é diferente do uso genérico do termo em teoria e estratégia organizacionais.

Veja as principais diferenças entre o conhecimento tácito e explícito:


Os ocidentais tendem a enfatizar o conhecimento explícito, enquanto os japoneses tendem a enfatizar o conhecimento tácito. Todavia, esses dois tipos de conhecimento não são entidades totalmente separadas, mas complementares. Interagem entre si e realizam trocas nas atividades criativas das pessoas. A essa interação, Nonaka e Takeuchi dão o nome de conversão do conhecimento. Essa conversão é um processo social entre pessoas – e não é confinada dentro de um indivíduo – para sua contínua expansão.

Desta interação entre os tipos de conhecimento, ocorre a conversão do conhecimento, sendo possíveis quatro modos diferentes de conversão do conhecimento:
1 - Conversão de conhecimento tácito em conhecimento tácito, chamado de socialização;
2 - Conversão de conhecimento tácito em conhecimento explícito, chamado de externalização;
3 - Conversão de conhecimento explícito em conhecimento explícito, chamado de combinação;
4 - Conversão de conhecimento explícito em conhecimento tácito, chamado de internalização.



Socialização - Conversão do conhecimento tácito em conhecimento tácito. O processo de conversão do conhecimento através da socialização consiste basicamente no compartilhamento de experiências. O uso da linguagem não é necessário, prova disto é o fato de aprendizes trabalharem com seus mestres e aprenderem sua arte, não através da linguagem, mas sim por meio de imitação, observação e prática. Nos contextos empresariais e de negócios, para aquisição dos conhecimentos tácitos são feitos treinamentos práticos, utilizando-se basicamente o mesmo princípio dos mestres para com seus aprendizes.

Externalização - Conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito. Segundo Nonaka & Takeuchi, a externalização é um processo de criação do conhecimento perfeito, na medida em que o conhecimento tácito se torna explícito, expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos.
A escrita constitui uma ferramenta capaz de converter o conhecimento tácito em conhecimento explícito, porém, muitas vezes, as expressões não são suficientemente claras e fiéis ao que tentam reproduzir. Para obter-se a conversão de conhecimento tácito em explícito de maneira eficiente e eficaz, pode-se fazer o uso seqüencial de metáfora, analogia e modelo.
Para Bateson (apud NONAKA & TAKEUCHI, 1997, p. 74): A metáfora é uma forma de perceber ou entender intuitivamente uma coisa imaginando outra coisa simbolicamente. É usada com mais freqüência no raciocínio abdutivo ou em métodos não-analíticos para a criação de conceitos radicais. Para Donnellon, Gray e Bougon (apud NONAKA & TAKEUCHI, 1997, p. 74): As metáforas criam novas interpretações da experiência pedindo ao ouvinte para ver uma coisa em relação a outra coisa e criam novas formas de experimentar a realidade, constituindo um mecanismo de comunicação que pode funcionar de modo a conciliar discrepâncias de significado.
A analogia é responsável por harmonizar as contradições inerentes na metáfora, reduzindo o desconhecido através do destaque dado a um ou mais pontos em comum de coisas diferentes. Desta maneira a analogia ajuda a entender o desconhecido através do conhecido. Após o uso de metáforas e analogias, chega-se então a um modelo lógico, que não deve apresentar contradições.

Combinação - Conversão do conhecimento explícito em conhecimento explícito.
É através da combinação que diferentes conjuntos de conhecimento dão origem a um novo conhecimento. Quando indivíduos trocam e combinam conhecimentos através de reuniões, redes de comunicações, palestras, documentos ocorre este tipo de conversão do conhecimento.
Em uma Instituição de Ensino Superior, assim como em muitas outras organizações, existem muitos dados dispersos, quando é feita uma reunião e classificação de tais dados, novos conhecimentos sobre a realidade da instituição são apresentados. No momento em que isto ocorre a instituição possui novos conhecimentos baseados em conhecimentos já existentes que não haviam sido combinados e por isto não apresentavam significado relevante. O uso de sistemas computacionais, redes de comunicação e bancos de dados em larga escala facilitam esse modo de conversão do conhecimento.

Internalização - Conversão do conhecimento explícito em conhecimento tácito. É através deste modo de conversão do conhecimento que o conhecimento tácito incorpora o conhecimento explícito. Está intimamente relacionado ao "aprender fazendo", porém a internalização também pode ocorrer sem a necessidade de "reexperimentar" as experiências de outras pessoas. Quando ao ler ou ouvir a experiência de uma pessoa, o indivíduo sente a essência e o realismo da história, a experiência alheia pode tornar-se um modelo mental tácito.

Até a próxima...

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