quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Trabalhando em organizações interconectadas

Para muitos funcionários, a informatização, a Internet e as redes internas ligando computadores dentro das empresas e entre empresas geraram um ambiente de trabalho diferente do usual – o que poderíamos chamar de organização interconectada. Ela permite que as pessoas se comuniquem e trabalhem juntas mesmo que estejam em localidades distantes uma da outra. Essa tecnologia também permite que os profissionais se tornem autônomos, conectando-se pelo computador com várias partes do mundo e mudando de empregador à medida que a demanda por seus serviços se modifica. Programadores de software, designers gráficos, analistas de sistemas, escritores, tradutores, editores e pesquisadores são alguns exemplos de profissionais que podem trabalhar à distância do empregador.

            O trabalho do administrador em uma organização interconectada é diferente do tradicional, especialmente no que diz respeito à gestão de pessoas. Motivar e liderar pessoas, por exemplo, e tomar decisões colaborativas “on-line” são atividades que requerem técnicas diversas daquelas empregadas quando os indivíduos estão fisicamente presentes.

            Como cada vez mais as pessoas estão trabalhando interconectadas através das redes de computadores, os administradores precisam desenvolver novas habilidades. O estudo do comportamento organizacional pode ser útil para este fim.


Até a próxima...

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Lidando com a “temporariedade”

Com a mudança vem a “temporariedade”. Nos últimos anos, a globalização, a expansão da capacidade e os avanços na tecnologia se combinaram de forma a impor às organizações que quiserem sobreviver que elas sejam ágeis e flexíveis. O resultado disto é que tanto os funcionários como os dirigentes trabalham hoje em um clima que pode ser definido como “temporário”.

            As evidências dessa situação estão em todos os lugares da organização. As funções vêm sendo continuamente redesenhadas e as tarefas, cada vez mais, sendo realizadas por equipes flexíveis, e não por indivíduos isolados; contratam-se cada vez mais empregados temporários; a terceirização tem aumentado e até os planos de pensão estão sendo remodelados para acompanhar as pessoas em suas mudanças de emprego.

            Os trabalhadores precisam atualizar seus conhecimentos e habilidades continuamente para atender a novas exigências do trabalho. Por exemplo, os funcionários de empresas como Caterpillar, Ford e Alcoa agora precisam saber operar equipamento de produção computadorizados. Isto não fazia parte da descrição de suas funções há 20 anos. As equipes de trabalho também estão cada vez mais mutantes. No passado, os funcionários eram indicados para um grupo de trabalho específico e esta colocação era relativamente permanente. Havia uma sensação de segurança em trabalhar sempre com as mesmas pessoas. Esta previsibilidade foi substituída por grupos temporários de trabalho, equipes formadas por pessoas de diferentes departamentos e cujos membros mudam o tempo todo, e pelo uso cada vez maior do rodízio de funcionários para atender às necessidades sempre mutantes do trabalho. Finalmente, as próprias organizações estão em estado de fluxo. Elas estão constantemente reorganizando suas divisões, desfazendo-se de negócios que não têm bom desempenho, eliminando atividades não-vitais, subcontratando serviços e operações não-críticos de outras organizações e substituindo empregados permanentes por temporários.

            Os executivos e os funcionários de hoje precisam aprender a lidar com a “temporariedade”. Eles precisam aprender a conviver coma flexibilidade, a espontaneidade e a imprevisibilidade. O estudo do comportamento organizacional pode oferecer importantes insights para ajudá-los a entender melhor um mundo profissional em contínua mudança, a superar as resistências à mudança e a facilitar a elaboração de uma cultura organizacional voltada a transformações.


 Até a próxima...

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Estimulando a inovação e a mudança

O que aconteceu com empresas como a Montgomery Ward, Woolworth, Smith Corona, TWA, Bethlehen Steel e WorldCom? Todos esses gigantes faliram. Por que outras grandes organizações como a Sears, Boeing e Lucent Technologies – implementaram extensivos programas de redução de custos e eliminaram milhares de empregos? Para evitar a falência.
            As organizações bem-sucedidas de hoje precisam fomentar a inovação e dominar a arte da mudança ou serão candidatas à extinção. O sucesso irá para as organizações que mantêm sua flexibilidade, continuamente aprimoram sua qualidade e enfrentam a concorrência colocando um constante fluxo de produtos e serviços inovadores no mercado. A rede de Pizzarias Domino’s acabou com a existência de milhares de pequenas pizzarias cujos dirigentes acharam que podiam continuar fazendo o “de sempre”. A Amazon.com está levando à falência várias livrarias pequenas ao provar que é possível vender livros pela internet. A Dell tornou-se a maior vendedora de computadores do mundo por estar continuamente reinventando a si própria e surpreendendo seus concorrentes.


            Os funcionários de uma empresa podem ser os principais estimuladores da inovação e da mudança, ou podem ser seu principal bloqueio. O desafio para os administradores é estimular a criatividade dos seus funcionários e a sua tolerância à mudança. O estudo do comportamento organizacional oferece uma grande variedade de idéias e técnicas para alcançar estas metas.

Até a próxima...

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Melhorando as habilidades humanas

As habilidades humanas são importantes para a eficácia da administração. Na medida em que avançarmos na disciplina, encontraremos conceitos e teorias relevantes que nos ajudarão a explicar e prever o comportamento das pessoas no trabalho. Alem disso conheceremos habilidades específicas que poderão ser utilizadas no nosso trabalho. Por exemplo, aprenderemos uma variedade de formas de motivar pessoas, como se tornar um comunicador melhor e como formar equipes de trabalho mais eficazes.

  Dando autonomia para as pessoas

            Se você pegar qualquer publicação sobre negócios, vai ler matérias sobre a mudança no relacionamento entre os executivos e aqueles que eles, supostamente, gerenciam. Você encontrará os executivos sendo chamados de técnicos, conselheiros, patrocinadores ou facilitadores. Em muitas organizações, os funcionários agora são chamados de sócios. E existe certa indefinição quanto às diferenças entre os papéis de executivo e de trabalhador. O processo de tomada de decisão está sendo levado para o nível operacional, no qual os funcionários estão tendo a liberdade de fazer escolhas sobre cronogramas e procedimentos, e de resolver sozinhos problemas relacionados com seu trabalho. Na década de 1980, os executivos foram estimulados a chamar seus funcionários para participar das decisões de trabalho. Hoje, o processo foi ainda mais longe e os funcionários estão conseguindo o controle total de seu trabalho. Um número crescente de empresas está adotando equipes autogerenciadas, nas quais os trabalhadores operam praticamente sem chefia externa.

            O que está acontecendo? Acontece que os executivos estão dando autonomia para seus funcionários. Eles os colocam no comando de suas atividades. E, desta forma, os executivos têm de aprender a delegar o controle e os funcionários, a ter responsabilidade sobre seu trabalho e sobre as decisões que tomam. Esse processo, também chamado de empowerment, está modificando os estilos de liderança, relações de poder, planejamento do trabalho e a forma como as organizações são estruturadas.


Até a próxima...

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Melhorando o atendimento ao cliente

            A análise de uma pesquisa realizada com os passageiros de uma empresa de Aero linhas australiana confirma o papel que os funcionários da empresa têm na satisfação de seus clientes. Foi pedido aos passageiros que listassem, por ordem de importância, suas “necessidades especiais” durante o vôo. Quase todos os itens citados tinham influência direta dos funcionários da Empresa – desde a expedição de bagagens, passando pela cortesia do serviço de bordo a assistência nos casos de conexões e a gentileza do pessoal do check in.

            O estudo do comportamento organizacional pode melhorar o desempenho da empresa ao mostrar para os administradores como as atitudes e o comportamento dos funcionários estão associados à satisfação dos clientes. Muitas vezes, uma empresa fracassa porque seus funcionários não sabem agradar os clientes. A administração precisa criar uma cultura pró-cliente. O conhecimento do comportamento organizacional pode oferecer uma orientação significativa para a criação de tais culturas – aquelas nas quais os funcionários são amáveis e gentis, acessíveis, bem informados, prontos para atender às necessidades dos clientes e dispostos a fazer o que for possível para agradá-los.


Até a próxima...

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Enfrentando a escassez de mão-de-obra

Os altos e baixos da economia são difíceis de prever. No final da década de 1990 a economia global estava bastante forte e a mão-de-obra bastante escassa. Muitos empresários encontravam dificuldades para preencher as vagas em suas organizações por escassez de gente capacitada. Já no início de 2001, muitos países desenvolvidos entraram em recessão. As demissões foram massivas e a oferta de mão-de-obra qualificada aumentou. Já as tendências demográficas, pelo contrário, são muito mais previsíveis. Analisemos uma delas com importantes implicações para o comportamento organizacional: a menos que haja algum imprevisto econômico ou político, haverá uma nova escassez de mão-de-obra dentro de 10 a 15 anos. As razões são o envelhecimento da população e a redução da taxa de natalidade.

A escassez de profissionais nos Estados Unidos se dá em função de dois fatores: taxa de natalidade e taxa de participação na força de trabalho. Entre as décadas de 1960 e 1980, o mercado de trabalho norte-americano recebeu o que costumou chamar de Baby Boomers (pessoas nascidas entre 1946 e 1965). Existem hoje 76 milhões deles no mercado. Mas a geração seguinte, apelidada de geração X, tem 10 milhões de pessoas a menos. O problema se agravou entre 2007 e 2010, quando a maioria dos Baby Boomers começou a se aposentar. É importante observar que, apesar do contínuo crescimento da imigração, os estrangeiros que ingressam no mercado de trabalho não são suficientes para evitar a escassez de mão-de-obra.

O problema da escassez de força de trabalho também se agrava com o fato de que no final do século XX um enorme contingente de mulheres desembarcou no mercado de trabalho. Isto forneceu uma leva de trabalhadores talentosos e capacitados. Este movimento agora está equilibrado. Além disso, entre os trabalhadores mais velhos diminuiu o interesse de continuar no mercado de trabalho. Em 1950, quase 80% dos homens com 62 anos ainda trabalhava. Hoje, pouco mais da metade deles continua no mercado. A melhoria nos planos de pensão e a expansão dos benefícios do governo levaram muita gente a se aposentar cedo, especialmente aqueles cujo trabalho era estressante ou entediante. Embora a queda nas bolsas de valores entre 2001 e 2003 tenha reduzido as economias destes Baby Boomers, e possa ter feito com que muitos ainda precisem trabalhar, - os primeiros indícios sugerem que isso não terá muito impacto na redução da oferta de mão-de-obra qualificada no futuro.


Em tempos de escassez de mão-de-obra, bons salários e benefícios não serão suficientes para encontrar e manter profissionais talentosos. Os executivos precisarão encontrar estratégias sofisticadas de recrutamento e manutenção. Além disso, será preciso modificar algumas práticas organizacionais para atender às necessidades dos trabalhadores mais velhos e para motivar os mais jovens, que se sentirão estagnados enquanto aguardam a aposentadoria daqueles. Os conhecimentos de comportamento organizacional podem ajudar os executivos a lidar com esta situação. Em um mercado com força de trabalho escassa, os administradores que não entenderem de comportamento humano e não conseguirem tratar adequadamente seus funcionários correm o risco de não ter a quem comandar.

Até a próxima..

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Aumentando a qualidade e a produtividade

Na década de 1990, organizações em todo o mundo aumentaram sua capacidade produtiva em resposta ao crescimento da demanda. As empresas construíram novas unidades, expandiram seus serviços e contrataram pessoal. Como resultado, quase todos os setores da economia hoje sofrem de excesso de oferta. Os varejistas sofrem com a concorrência de tantos shopping centers. A indústria automobilística produz mais veículos do que os consumidores podem comprar. O setor de telecomunicações está afogado em dívidas por ter construído ma estrutura que levará 50 anos para ser absorvida. Muitas cidades possuem hoje mais restaurantes do que as comunidades locais podem freqüentar.

O excesso de capacidade se traduz em aumento na competição. O aumento da concorrência obriga os executivos a reduzir custos ao mesmo tempo em que precisam aumentar a produtividade se suas empresas e a qualidade dos produtos e serviços que oferecem. Em busca desta meta de melhoria de qualidade e de produtividade, eles estão implementando programas como o de Gestão da Qualidade e a Reengenharia, que exigem amplo envolvimento dos funcionários.

O Programa Gestão da Qualidade é uma filosofia de gestão voltada para a satisfação constante do cliente através do contínuo aprimoramento de todos os processos organizacionais, exigindo que os funcionários reavaliem suas funções e se envolvam mais intensamente nas decisões tomadas no trabalho.

A Reengenharia pensando na melhoria da qualidade e produtividade faria a seguinte pergunta: “Como faríamos se estivéssemos começando do zero?” É importante ressaltar que a Reengenharia tende a redefinir as tarefas e exige que quase todos os funcionários passem por treinamentos para aprender novas habilidades.


Até a próxima...

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Administrando a diversidade da força de trabalho

Um dos desafios mais importantes e abrangentes enfrentados pelas organizações hoje em dia é a adaptação às diferenças entre as pessoas. O termo utilizado para descrever este desafio é diversidade da força de trabalho. Enquanto a globalização se concentra nas diferenças entre pessoas de diferentes países, a diversidade da força de trabalho focaliza as diferenças entre as pessoas em determinado país.
            A diversidade da força de trabalho significa que as organizações estão se tornando mais heterogêneas em termos de raça, etnia e sexo de seus participantes. O termo se refere a mulheres, negros, latinos e asiáticos – também são incluídos nessa diversidade portadores de deficiência física, pessoas da terceira idade e homossexuais.

            Sexo – Quase metade da força de trabalho norte-americana é agora composta por mulheres. Esta porcentagem também aumenta na maioria dos outros países. As empresas precisam assegurar que as políticas de contratação e emprego permitam igual acesso a todos, independente do sexo.

            Raça – Nos Estados Unidos, a porcentagem de trabalhadores de etnias hispânica, asiática e afro-americana esta aumentando. As empresas precisam assegurar política de contratação e emprego que permitam igual acesso a todos independente de raça.

            Origem – Uma crescente porcentagem da força de trabalho norte-americana provém de países que falam outros idiomas. Como os empregadores nos Estados Unidos têm o direito de exigir que a língua falada na organização seja o inglês, podem surgir problemas de comunicação com esses funcionários que ainda não dominam o idioma.

            Idade – A força de trabalho norte-americana está envelhecendo e recentes pesquisas indicam que cada vez mais trabalhadores pretendem continuar na ativa depois dos 65 anos. As empresas não podem discriminar ninguém pela idade e precisam se adaptar às necessidades dos mais velhos.

            Deficiência física – As empresas precisam garantir empregos e acessibilidade para os portadores de deficiências física e mental, bem como para qualquer pessoa com problemas de saúde.

            Parceiros – Um número cada vez maior de funcionários homossexuais com parceiros fixos, assim como casais heterossexuais não casados oficialmente, começam a exigir os mesmos direitos dos dependentes tradicionais.


            Religião – As empresas precisam garantir tolerância em relação aos costumes, rituais e feriados religiosos dos seus funcionários não-cristãos – como judeus, muçulmanos, hinduístas etc. –, bem como assegurar que eles não sofram discriminação por causa de suas indumentárias e aparência.

Até a próxima... 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Administrando a Fuga de Empregos para Países com mão-de-obra mais barata

Está cada vez mais difícil para as empresas em países desenvolvidos, onde o piso salarial raramente fica abaixo de 6 dólares a hora, competir com aquelas que contam com mão-de-obra em países em desenvolvimento, onde este valor pode cair para 30 centavos de dólar por hora os oferecem vantagem competitiva para as empresa. Não é por acaso que as pessoas dos Estados Unidos usam roupas feitas na China, utilizam computadores que possuem microchips fabricados em Taiwan e assistem a filmes rodados no Canadá. Em uma economia globalizada, os empregos fogem para os lugares onde os custos baixos oferecem vantagens competitivas para as empresas.

Os executivos estão sendo cada vez mais pressionados pelo mercado a reduzir custos para manter a competitividade. Para setores que empregam grande número de pessoas, isto significa mudar a produção para lugares onde o custo da mão-de-obra é mais baixo. Esta prática, contudo, é muito criticada por sindicatos, políticos e outros ativistas, que vêem nisso uma ameaça à empregabilidade nos países desenvolvidos. Os administradores precisam enfrentar a difícil tarefa de equilibrar os interesses de suas organizações com suas responsabilidades perante as comunidades onde operam. 

Até a próxima...

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

TIPOS DE COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

Os seres humanos são complexos. Como eles são todos diferentes, a possibilidade de fazer generalizações simples e precisas é limitada. Duas pessoas geralmente reagem de maneira diferente a uma mesma situação, e uma mesma pessoa muda seu comportamento em situações diferentes. Por exemplo, nem todas as pessoas são motivadas pelo dinheiro, e o comportamento delas na igreja aos domingos é diferente daquele mostrado na festa da noite  anterior.
Isto não significa, evidentemente, que não podemos dar explicações razoavelmente precisas sobre o comportamento humano ou fazer previsões válidas. Mas significa que os conceitos de comportamento organizacional precisam refletir condições situacionais ou contingenciais. Podemos dizer que x leva a y, mas apenas sob as condições z (as variáveis contingenciais).

 DESAFIOS E OPORTUNIDADES

A compreensão do comportamento organizacional nunca foi tão importante para os executivos. Um rápido exame das enormes mudanças que estão ocorrendo nas organizações confirma esta afirmação. Por exemplo, o funcionário tradicional está envelhecendo; cada vez mais mulheres e membros de minorias estão entrando no mercado de trabalho; o amplo uso de trabalhadores temporários está minando os laços de lealdade que historicamente prendiam os funcionários a seus empregadores; e a competição globalizada está exigindo que os funcionários se tornem mais flexíveis para se adaptarem à rápida mudança.
Em suma, hoje há diversas oportunidades de desafios para que os executivos utilizem os conceitos de comportamento organizacional.

 Respondendo à globalização

As organizações não se limitam mais às fronteiras dos países. A rede Burger King pertence a uma empresa inglesa e a rede McDonald’s vende hambúrgueres em Moscou. A Exxon, tida como uma empresa norte-americana tem 75 por cento de suas receitas provenientes de vendas fora dos Estados Unidos. Os novos funcionários da Fabricante de telefones Nokia em suas instalações na Finlândia estão sendo recrutados na China, na Índia e em outros países em desenvolvimento. O número de funcionários estrangeiros já supera o de finlandeses no centro de pesquisas da empresa em Helsinki. As principais indústrias automobilísticas do mundo fabricam veículos em países onde não está a matriz da empresa. Por exemplo, a Honda produz seus carros em Ohio, Estados Unidos; a Ford, no Brasil; a Mercedes e a BMW, na África do Sul.
Estes exemplos ilustram a afirmação de que o mundo virou uma aldeia global. De sua parte, os executivos precisam aprender a lidar com pessoas de diferentes culturas.

 Aumento das Missões Internacionais

Se você é executivo, é cada vez maior a chance de ser enviado para missões internacionais. Você pode ser transferido para uma unidade operacional ou subsidiária de sua organização em outro país. Lá, terá de administrar uma mão-de-obra que provavelmente será bem diferente daquela com a qual você estava acostumado, tanto em termos de necessidades, como de aspirações e de atitudes.

 Trabalhando com Pessoas de Diferentes Culturas

Mesmo em sua terra natal, você poderá ter de trabalhar com chefes, colegas e outros funcionários que nasceram e foram criados em culturas diferentes. O que é motivador para você pode não ser para eles. Se seu estilo de comunicação é franco e direto, para eles pode parecer desconfortável e ameaçador. Para trabalhar eficazmente com essas pessoas, você precisa compreender sua cultura, como elas foram formadas, e como adaptar seu estilo de gerenciamento a essas diferenças.


Enfrentando Movimentos Anticapitalistas

O foco capitalista na eficiência, no crescimento e nos lucros pode ser amplamente aceito em países como os Estados Unidos, a Austrália ou em Hong Kong. Mas estes valores não são muito populares em outros lugares, como a França, as nações do Oriente Médio ou da Escandinávia. Por exemplo, como os valores igualitários adotados na Finlândia criaram uma mentalidade de “morte aos ricos”, as multas de trânsito são estabelecidas em função da renda do infrator, e não pela gravidade da infração. Por esta razão, um dos homens mais ricos da Finlândia, que ganha cerca de nove milhões de dólares anualmente, foi multado em 217 mil dólares por dirigir a 80 quilômetros por hora em uma zona cuja velocidade máxima era de 40 quilômetros.

Até a próxima...


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

SUBSTITUINDO A INTUIÇÃO PELO ESTUDO SISTEMÁTICO

Todos nós somos estudantes do comportamento. Desde a mais tenra idade, observamos as ações das outras pessoas e tentamos interpretar o que vemos. Mesmo que nunca tenha se dado conta disto, você foi um “leitor” de pessoas por toda a sua vida. Você observa o que as outras pessoas fazem e tenta compreender o porquê de seu comportamento. Além disso, você também tenta prever o que elas fariam sob determinadas circunstâncias. Infelizmente, esta abordagem causal e de senso comum costuma induzir a erros de previsão. Entretanto, você pode aprimorar sua capacidade de previsão substituindo suas opiniões intuitivas por uma abordagem mais sistemática.
A abordagem sistemática revela importantes fatos e relacionamentos de modo a fornecer uma base para realizar previsões de comportamento mais acuradas. O conceito por trás desta abordagem é que o comportamento não é aleatório. Na verdade, existem algumas consistências fundamentais no comportamento de todos os indivíduos que podem ser identificadas e, então, modificadas para refletir as diferenças individuais.
Estas consistências fundamentais são muito importantes, porque permitem a previsibilidade. Ao dirigir seu carro você faz algumas revisões, bastante acuradas, sobre como os outros motoristas vão se comportar. Por exemplo, podemos prever que os outros motoristas vão parar nos sinais vermelhos, dirigir pela mão direita, ultrapassar os outros veículos pela esquerda e não ultrapassar quando a faixa do meio da estrada for contínua. Reparem que, na maioria das vezes, essas previsões se confirmam na prática, evidentemente, as leis de trânsito tornam essa previsão muito mais fácil.
Menos óbvio é que existam leis (escritas ou não) em praticamente todos os ambientes. Portanto, podemos argumentar que é possível prever comportamentos em supermercados, salas de aula, consultórios médicos, elevadores e na maioria das situações estruturadas. Por exemplo, ao entrar no elevador, você se vira de frente para a porta? A maioria das pessoas fazem isso. Mas você ouviu dizer em algum lugar que isto deveria ser feito? É claro que não! Da mesma forma que somos capazes de prever o comportamento dos motoristas (para os quais existem regras escritas), também podemos prever o comportamento das pessoas no elevador (onde existem poucas regras estabelecidas). Em uma sala de aula com 60 alunos, se você quiser fazer uma pergunta ao professor, certamente levantará a mão. O motivo é que você aprendeu que levantar a mão é o procedimento adequado para uma sala de aula.

Quando falamos em estudo sistemático, estamos nos referindo ao exame dos relacionamentos, à tentativa de atribuição de causa e efeito e de basearmos nossas conclusões em evidências científicas. O estudo sistemático substitui a intuição, estimulando-nos a ir além de nossas visões intuitivas sobre comportamento, buscando uma análise sistemática com a convicção de que isso pode melhorar a exatidão da explicação e da previsão do comportamento.

Até a próxima...

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

HABILIDADES DOS EXECUTIVOS

Outra forma de considerar o que fazem os executivos é examinando as habilidades ou competências de que eles precisam para atingir seus objetivos com sucesso. Robert Katz identifica três competências essenciais: técnicas, humanas e conceituais.

Habilidades técnicas – englobam a capacidade de aplicação de conhecimentos ou especialidades específicas. Quando pensamos nas habilidades de profissionais como engenheiros civis ou cirurgiões-dentistas, geralmente temos em mente suas habilidades técnicas. Por meio da educação formal extensiva, eles obtiveram os conhecimentos e as práticas específicas de suas áreas.

Habilidades humanas – A capacidade de trabalhar com outras pessoas, compreendendo-as e motivando-as, tanto individualmente como em grupos, define as habilidades humanas. Muitas pessoas são tecnicamente proficientes, mas incompetentes nos relacionamentos interpessoais. Elas podem não ser boas ouvintes, incapaz de entender as necessidades dos outros ou ainda ter dificuldade para administrar conflitos. Como os executivos realizam coisas por meio do trabalho de outras pessoas, eles precisam ter habilidades humanas para se comunicar, motivar e delegar.

Habilidades Conceituais – os executivos precisam ter capacidade mental para analisar e diagnosticar situações complexas. Esta tarefa requer habilidades conceituais. O processo de tomada de decisão, por exemplo, exige que o executivo seja capaz de identificar problemas, desenvolver soluções alternativas para corrigi-los, avalia essas alternativas e selecionar a melhor. Um executivo pode possuir competência técnica e humana, mas fracassar por causa da incapacidade de processar e interpretar racionalmente as informações.


 O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

É um campo de estudos que investiga o impacto que os indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações com o propósito de utilizar este conhecimento para melhorar a eficácia organizacional. Estuda três determinantes do comportamento nas organizações: indivíduos, grupos e estrutura.
O comportamento organizacional aplica o conhecimento obtido sobre as pessoas, os grupos e o efeito da estrutura sobre o comportamento, para fazer com que as organizações trabalhem mais eficazmente.

O comportamento organizacional se preocupa com o estudo do que as pessoas fazem nas organizações e de como este comportamento afeta o desempenho das empresas. Como este estudo está voltado especificamente para situações relacionadas ao emprego, enfatiza-se o comportamento relativo a funções, trabalho, absenteísmo, rotatividade, produtividade, desempenho humano e administração. 

Até a próxima...

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

 O QUE FAZEM OS EXECUTIVOS

            Os executivos realizam trabalhos por meio do trabalho de outras pessoas. Eles tomam decisões, alocam recursos e dirigem as atividades de outros com o intuito de atingir determinados objetivos. Os executivos trabalham em uma organização, a qual pode ser definida como uma unidade social conscientemente coordenada, composta de duas ou mais pessoas, que funciona de maneira relativamente contínua para atingir um objetivo comum. Com base nessa definição, indústrias e empresas de serviços são organizações, bem como escolas, hospitais, igrejas, unidades militares, lojas, delegacias de polícia e órgãos públicos, sejam eles municipais, estaduais ou federais. As pessoas que supervisionam as atividades das outras e que são responsáveis pelo alcance dos objetivos nestas organizações são os executivos, também chamados de administradores.


FUNÇÕES DOS EXECUTIVOS

No início do século XX, um industrial francês chamado Henri Fayol escreveu que todos os executivos realizavam cinco funções gerenciais: planejavam, organizavam, comandavam, coordenavam e controlavam. Hoje, essas tarefas foram condensadas em quatro: planejamento, organização, liderança e controle.

Uma vez que as organizações existem para atingir objetivos, alguém precisa definir estes objetivos e as possíveis formas de alcançá-los. O executivo é esse alguém. A função de planejamento engloba a definição das metas da organização, o estabelecimento de uma estratégia geral para o alcance dessas metas e o desenvolvimento de um conjunto abrangente de planos para integrar e coordenar as atividades.

Os executivos também são responsáveis pela elaboração da estrutura da empresa. Essa função é chamada de organização e inclui a determinação de quais tarefas devem ser realizadas, quem vai realizá-las, como elas serão agrupadas, quem se reporta a quem e em que instâncias as decisões serão tomadas.

Todas as organizações englobam pessoas, e é parte do trabalho do executivo dirigir e coordenar essas pessoas. Essa é a função da liderança. Quando os executivos motivam os funcionários, dirigem as atividades dos outros, escolhem os canais mais eficientes de comunicação ou resolvem conflitos entre as pessoas, eles estão exercendo sua liderança.

A última das funções exercidas pelos executivos é o controle. Para garantir que as coisas caminhem como devem, o executivo precisa monitorar o desempenho da organização. O desempenho real tem de ser comparado às metas previamente estabelecidas. Se há qualquer desvio significativo, é responsabilidade do executivo colocar a organização novamente nos trilhos. Esse monitoramento, a comparação e a possível correção são as tarefas da função de controle.


PAPEIS DOS EXECUTIVOS

No final da década de 1960, um estudante de graduação do MIT, Henry Mintzberg, realizou um cuidadoso estudo com cinco executivos para determinar o que eles faziam em seu trabalho. Com base em suas observações, Mintzberg concluiu que os executivos desempenam dez papéis diferentes, altamente interligados, em três conjuntos de comportamentos atribuíveis às suas funções.


 Papéis de Relacionamento Interpessoal
           
            1 – Figura de proa - Todo executivo precisa realizar tarefas de natureza cerimonial e simbólica. Quando o diretor de uma faculdade entrega os diplomas aos formandos na colação de grau ou quando um gerente de produção conduz um grupo de estudantes secundaristas em uma visita à fábrica, eles estão desempenhando o papel de figura de proa.
2 – Líder - Todos os executivos desempenham um papel de liderança. Este papel compreende a contratação, o treinamento, a motivação e a disciplina dos funcionários.
3 – Ligação – o executivo mantém uma rede externa de contatos que obtém e fornece informações.

  Papéis de Informação

            1 – Monitor – Recebe uma grande variedade de informações; funciona como o sistema nervoso central para as informações internas e externas da organização.
            2 – Disseminador – Transmite informações recebidas de fontes externas ou de subordinados para os demais membros da organização.
            3 – Porta-voz – Transmite externamente informações sobre os planos, políticas, ações e resultados da organização; atua como um especialista no setor econômico ao qual pertence a organização.       

  Papéis de Decisões

            1 – Empreendedor – Busca oportunidades dentro do ambiente organizacional e inicia projetos de mudança.
            2 – Gerenciador de turbulências – É responsável por ações corretivas quando a organização enfrenta distúrbios sérios e inesperados.
            3 – Alocador de recursos – Toma decisões organizacionais significativas, ou dá apoio a elas.
            4 – Negociador – Responsável por representar a organização em negociações importantes.

Até a próxima...


sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Da racionalidade onisciente à racionalidade oportunista

A abordagem psicológica do comportamento humano nas organizações abortou devido aos impasses das explicações anteriores. O estudo empírico da tomada de decisão nas e pelas organizações, ao possibilitar a substituição do modelo clássico da racionalidade onisciente pelo modelo empírico da racionalidade limitada ou relativa, vieram exigir a inversão do modo de raciocínio empregado e renovaram por completo nossa visão do funcionamento das organizações.
            Essa verdadeira desconstrução de todas as premissas do modelo clássico da racionalidade, umas após outras, é o resultado dos trabalhos de um grande número de autores que para isso contribuíram. É, contudo, a Herbert Simon e ao grupo que ele animou no Carnegie Institute of Technology que cabe o mérito de ter fixado as bases decisivas para renovar por completo nosso raciocínio sobre a racionalidade, ao propor o conceito de racionalidade limitada.
            O ponto de partida de Simon é duplo:
            Por um lado, o sentimento de que a teoria das organizações só tem utilidade e justificação caso se admita que a racionalidade humana está sujeita a limitações e que essas limitações estão elas próprias dependentes do contexto organizacional em que se situa um determinado responsável por decisões.
            Por outro lado, uma profunda insatisfação com o que considerava ser a tendência irracionalista das ciências do comportamento de então. Em sua opinião elas satisfaziam-se com demasiada facilidade com a demonstração de que os comportamentos humanos não correspondem de modo algum às hipóteses de racionalidade perfeita, em lugar de procurarem saber por que esses comportamentos aparentemente irracionais talvez não o sejam.
            Daí sua convicção de que uma teoria da ação administrativa deve ser construída sobre uma teoria da escolha racional, já que o comportamento humano nas organizações, mais do que em qualquer outro lugar, deve ser considerado como "desejado de forma racional".
            O modelo da racionalidade onisciente (Simon fala, a propósito, de racionalidade objetiva) repousa sobre três premissas essenciais. Neste modelo, considera-se que o decisor:
            - Detém todas as informações e uma capacidade ilimitada para seu tratamento;
            - Procura a solução ótima entre todas as opções possíveis;
            - Tem uma idéia clara quanto às suas preferências, que são consideradas consolidadas     de uma vez por todas, estáveis, coerentes e hierarquizadas.
            São as duas primeiras premissas que constituem o alvo das críticas e das propostas de Simon. Em uma série de publicações ele argumenta que toda e qualquer opção é sempre feita sob pressão e que a racionalidade humana é limitada por duas grandes coações de certo modo irredutíveis.
            Por um lado, a informação de um decisor é sempre incompleta porque o conhecimento das conseqüências das diferentes possibilidades de ação e do seu valor no futuro é sempre fragmentário e, devido a razões de toda ordem (falta de tempo, falta de imaginação, falta de atenção), apenas um pequeno número das soluções possíveis é realmente ponderado.
            Por outro lado, nenhum decisor está apto a otimizar suas soluções, uma vez que a complexidade dos processos mentais que uma verdadeira otimização implica supera, e muito, as capacidades de tratamento da informação e de raciocínio do ser humano. Em lugar do raciocínio sinóptico (reduzido) postulado pelo modelo de racionalidade onisciente, o decisor põe em prática um raciocínio seqüencial no qual, a partir de uma idéia mais ou menos precisa do que seria uma solução aceitável, examina uma a uma as opções que se lhe oferecem e dirige sua escolha à primeira que corresponde essa idéia. Segundo as palavras de Simon, não otimiza, contenta-se com uma solução satisfatória.
            A noção de racionalidade limitada significa uma completa renovação do modo de raciocínio empregado. Em vez de criticar o decisor por não se comportar segundo os padrões do modelo clássico e de procurar induzi-lo a conformar-se mais com esse modelo, deve-se estudar e compreender o comportamento do decisor a partir de uma investigação e de uma reflexão em duas direções:
            A primeira tem a ver com as condições contextuais ou, se quisermos, organizacionais e sociais da tomada de decisão, isto é, com a estruturação do campo de ação, de que as características, as regras, os equilíbrios de poder e os sistemas de alianças condicionam a percepção e, por conseguinte, a racionalidade dos decisores.
            A forma como concentram a atenção e os esforços nos diferentes problemas limita todos os seus conhecimentos e possibilidades de busca de soluções, ou possibilidades de ação ou, em termos mais gerais, provoca ou impede os contatos entre os problemas, as soluções e as situações de decisão.
            A segunda refere-se aos critérios de decisão, ou se quisermos, das preferências que os decisores utilizam, consciente ou inconscientemente, para escolherem entre as opções que se lhes oferecerem. Situadas fora da formulação inicial de Simon, essas preferências e as condições e processos de sua emergência, de seu desenvolvimento e de sua mudança têm estado no centro de uma série de reflexões que aos poucos foram esvaziando de conteúdo a terceira premissa do modelo clássico.
            Retomando, aprofundando e estendendo as conclusões de Festinger sobre a dissonância cognitiva, esses trabalhos mostram que as preferências de um decisor num determinado momento não são precisas, coerentes e unívocas, mas, ao contrário, múltiplas, fluidas, ambíguas e contraditórias, que não precedem necessariamente a ação e que podem também ser-lhe posteriores, que não são estáveis e independentes das condições de escolha, mas, ao contrário, adaptativa e sujeitas a modificações endógenas (interiores), isto é, produzidas pela própria situação de escolha, e que não são intangíveis, mas, ao contrário, estão submetidas a manipulações voluntárias ou involuntárias conscientes ou inconscientes por parte dos decisores.
            Daí resulta a necessidade de afrouxar os laços entre o comportamento de um indivíduo e suas preferências, representações e propósitos. Os dois não estão ligados nem de forma estreita ou cerrada (podem coexistir gamas de comportamento relativamente variadas com um mesmo conjunto de preferências) nem de forma unívoca (as preferências num momento podem induzir a opções do mesmo modo que as opções podem induzir preferências). Em outros termos, deve-se não só aceitar uma visão menos intencional e linear da ação humana, mas também reformular as concepções normativas da decisão nessa conformidade.
            Convém sublinhar o alcance heurístico do que podemos designar por uma verdadeira desconstrução da noção de preferência. Estendendo e completando a noção simoniana de racionalidade limitada que, na verdade, implicitamente a invocava, chama a atenção para a natureza essencialmente contingente e oportunista do comportamento humano. Sendo sempre o produto simultâneo de um efeito de disposição e de um efeito de posição, não pode ser pensado isoladamente das pressões e das oportunidades que os contextos de ação fornecem aos indivíduos. Desse modo, permite que nos libertemos do que D. Wrong designou como uma concepção hipersocializada do homem, que procura no passado dos indivíduos e em suas experiências marcantes de socialização a explicação dos seus comportamentos presentes. Aqui, as características do contexto de ação presente tornam-se tão importantes quanto o passado para compreender os comportamentos, e os indivíduos recuperam um mínimo de distância e de autonomia face a seus valores, normas e experiências.
            Ao mesmo tempo, ela permite relativizar o papel das intenções e do cálculo nos comportamentos humanos. Só raramente os indivíduos têm preferências ou objetivos claros. Sobretudo, nem sempre têm tempo para calcularem suas atitudes em função dessas preferências. São levados a tomar medidas necessárias para se protegerem, o que pode obrigá-los a reconsiderar as finalidades de sua atuação no meio do percurso, ou a inventar ou descobrir outras, a "racionalizarem" sua ação. É, portanto, ilusório considerar comportamento humano sempre refletido, isto é, mediatizado através de um cálculo a partir de objetivos previamente fixados.
            Basta analisar tal comportamento como ativo, ou seja, como uma escolha efetuada sob pressão dentre um conjunto de oportunidade presentes num dado contexto, ou até como uma adaptação ativa e razoável às oportunidades e pressões existentes num determinado contexto. Ao tornar passíveis de uma análise racional todos os comportamentos humanos, sem tecer juízos prévios sobre a origem, a substância ou o conteúdo de sua racionalidade, esta visão abrangente da racionalidade permite estabelecer um utilitarismo metodológico, isto é, um método de análise das organizações e da ação organizada que recorre à hipótese de uma racionalidade utilitária ou "estratégica" dos comportamentos para descobrir, através dos desvios dessa racionalidade, os elementos racionais e irracionais (afetivos, ideológicos, culturais, etc.) da estrutura do campo, ou seja, as características do jogo ou dos jogos em que os indivíduos estão envolvidos.


Até a próxima...

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Do homem manipulado ao homem complexo: os impasses de uma abordagem psicológica

As teorias clássicas das organizações nunca consideraram o comportamento humano como um problema. Os comportamentos negativos que eram verificados e que se pretendia corrigir eram sempre considerados resultado de estruturas de trabalho mal concebidas e mal concretizadas. Nunca se entendia um mau comportamento como fruto da irracionalidade humana no trabalho. Todos os problemas eram imputados à aplicação deficiente de preceitos da ciência da organização, ciência essa que estava sendo construída.
            Essa ciência organizacional criou o postulado homo economicus, que procurava provar que os comportamentos humanos eram completamente previsíveis. Segundo esse postulado cada agente era sempre racional, ou seja, sempre procurava alcançar o máximo de ganhos materiais possível. Quando a experiência prática desse postulado foi realizada nas fábricas da Western Electric em Hawthorne, mostrou resultados exatamente contrários! A partir daí começou-se a verificar que o comportamento humano nas organizações é muito mais complexo do que se imaginava, provocando um novo tema para reflexão e estudo.
            Essas experiências foram organizadas com a finalidade de controlar um estudo clássico sobre a influência de certas condições materiais de conforto na produtividade dos operários (no caso, as condições de iluminação). Tinha-se como certo de que os resultados mostrariam claramente que a melhora nas condições de conforto material repercutiriam positivamente na produtividade dos operários, de acordo com a hipótese do homo economicus. Os resultados, inexplicavelmente, foram totalmente contrários, levando os responsáveis a imaginar que teria havido algum erro de cálculo. Para verificar onde estava o erro, decidiu-se realizar outra série de experiências.
            Numa oficina destinada à montagem de pequenos circuitos elétricos a serem integrados em aparelhos eletrodomésticos, escolheu-se um pequeno grupo de voluntários. Esse pequeno grupo deixou a oficina tradicional e foi trabalhar numa oficina separada, sob as ordens de supervisores especiais: trata-se do relay-assembly-test-room. Em seguida, nessa oficina separada, introduziram-se variações no regime de trabalho desse grupo-teste (tempo de descanso, modo de remuneração, duração do trabalho etc.) durante treze períodos, durante os quais foi sendo registrado, cuidadosamente, todos os dados que pudessem fornecer informações sobre o "moral" e sobre a produtividade. No aspecto moral considerou-se o ambiente, as relações interpessoais, a satisfação individual etc.. No aspecto produtividade considerou-se a eficácia do trabalho desenvolvido. Os resultados foram idênticos ao anterior, mostrando que não houve qualquer erro de cálculo!
            Os resultados dessa experiência e da anterior revelaram que, assim que o grupo selecionado iniciou seu trabalho na nova oficina houve um aumento, tanto no aspecto "moral" como no aspecto produtividade, totalmente independente de qualquer variação das suas condições de trabalho, que foram sendo modificadas nos treze diferentes períodos. E mais: mesmo quando as condições de trabalho voltaram as mesmas do início, a partir do décimo terceiro período, os aspectos produtividade e moral continuaram basicamente em alta, sem sofrer qualquer queda significativa.
            Numa ótica clássica, onde as reações comportamentais do indivíduo são consideradas previsíveis e perfeitamente racionais, esses resultados eram inexplicáveis. Mas foi graças a uma análise secundária procurando-se observar as implicações das condições humanas e sociais em que a experiência tinha sido realizada (estilo de vigilância participativa, possibilidades de interação entre operários etc.) que se descobriram as explicações para tais resultados, que inicialmente pareciam uma contradição. Chegou-se a conclusão de que existe uma importância muito grande dos sentimentos, dos fatores afetivos e dos fatores psicológicos no comportamento humano nas organizações.
            Essa descoberta, que pode ser banal hoje em dia, foi considerada, na época, uma grande inovação, cujo alcance foi considerável! Correspondia a um notável enriquecimento da visão do homem no trabalho: o indivíduo não é movido unicamente pelo apetite de ganho. Ele é igualmente motivado por sua afetividade e por suas necessidades psicológicas mais ou menos conscientes. Não é apenas a mão que o move, mas também o coração. Essa descoberta veio, portanto, dar origem a uma importante corrente de investigação e de ação: o movimento das relações humanas.
            A forma experimental do movimento das relações humanas procurava explorar essas novas motivações sentimentais ainda desconhecidas e examinar as suas conseqüências para o funcionamento das organizações. Esse estudo estimulou, direta ou indiretamente, uma série de investigações experimentais de orientação antropológica (grupos humanos) e por assim dizer etnológica (aspectos culturais) que passaram a ser os pontos altos da sociologia industrial, da sociologia ou psicossociologia do trabalho e da sociologia da burocracia tanto nos Estados Unidos como na Europa.
            Os resultados, agora clássicos, desses trabalhos, vieram renovar por completo nossos conhecimentos. As análises que fazemos da vida concreta nas organizações tanto nas bases como no topo, das práticas e da eficácia das relações hierárquicas e de autoridade, assim como da realidade das interações informais que se estabelecem e se ocultam por trás das estruturas formais são a partir de então profundamente diferentes.
            Na prática o movimento procurava utilizar os conhecimentos acumulados para melhorar os resultados de conjunto das organizações, alterando a qualidade das relações humanas, principalmente por meio de uma direção mais participativa e de programas de formação extensiva de seus funcionários.
            Entretanto, as contribuições dadas no plano conceitual e intelectual, principalmente em termos de raciocínio organizacional, acabaram por se revelar decepcionantes. A verdade é que o raciocínio organizacional permanece prisioneiro da visão tayloriana de um indivíduo passivo no trabalho, respondendo de forma estereotipada (inalterável) aos estímulos a que é submetido.
            A única diferença que se verifica é que se acrescentou estímulos afetivos aos estímulos econômicos anteriormente entendidos. A introdução da afetividade no raciocínio trouxe uma considerável complexidade nesse estudo. Foi desenvolvido, então, o postulado de uma "natureza humana", com propriedades e necessidades inventariáveis, previsíveis e, logo, influenciáveis também.
            Por causa desses postulados essa corrente de estudos foi muitas vezes acusada por sindicatos e por estudiosos de apresentar uma característica conservadora e também manipuladora. Isso também explica as razões de ter caído na psicologização do estudo das organizações, característica dos trabalhos de toda uma corrente de investigação que, extremamente influente, sobretudo nos meios da gestão e nas business-schools, conheceu seu apogeu durante os anos 60.
            De acordo com a leitura motivacional de Maslow, esses autores imputam aos membros de uma organização uma série de necessidades psicológicas que estes procuram satisfazer mediante sua participação na organização. Essas necessidades são hierarquizadas e variam em função das etapas de desenvolvimento individual e social. Todavia, num determinado momento, são relativamente estáveis e uniformes. As dificuldades e os conflitos organizacionais têm sua origem numa falta de compatibilidade entre essas necessidades e as oportunidades e restrições impostas pelas estruturas organizacionais, ambas tratadas como variáveis independentes.
            O caráter redutor e indevidamente normativo do raciocínio que leva a postular para os indivíduos, e conseqüentemente para as organizações, um modelo ideal e único de saúde psicológica não escapou a esses autores. Daí que Argyris, perante comportamentos de apatia que não correspondem ao esquema teórico do homem que procura realizar-se, se veja reduzido a pôr em prática uma espécie de marxismo ao avesso e a falar de necessidades "recalcadas" ou "reprimidas".
            Outros autores atenuaram consideravelmente o esquema explicativo, introduzindo a noção de "homem complexo". Esta noção tem o mérito de aceitar a multiplicidade das motivações que caracterizam as situações reais e, ao mesmo tempo, de restituir de certo modo aos indivíduos sua autonomia face às suas próprias necessidades: voltam a ser ativos e, logo, fundamentalmente imprevisíveis. Paradoxalmente, porém, marca o fim da tentativa de basear uma explicação do funcionamento das organizações numa abordagem puramente psicológica.

Até a próxima...


quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O COMPORTAMENTO DO HOMEM NO TRABALHO

Racionalidade dos Comportamentos Humanos (Roberto Andersen)
          
  O texto trata de como analisar e explicar os comportamentos dos grupos e dos indivíduos nas organizações. Para que essa análise seja possível é necessário o acompanhamento da ação humana, e isso é feito por meio de quadros de referência. Esses quadros são preparados, estudados e alterados pelos analistas do comportamento humano e social com base em diversas técnicas, entre elas as de observação, pesquisa de campo, e outras. Devido as mais diversas mudanças no meio social, entre elas as mudanças de hábitos e costumes provocados ou pelo progresso científico e tecnológico como pelas influências inter-culturais, esses quadros analíticos evoluem. Constata-se hoje que houve, pelo menos, duas evoluções distintas nesses quadros de referência, ambas complementares:


1ª - motivação: maior importância passa a ser dada a descoberta e análise dos elementos que trazem motivação ao indivíduo. Essa linha de raciocínio nos leva a entender que a motivação do ser humano não é mais considerada tão previsível como antes, já que ele passa a ser entendido como realmente é, ou seja, um agente complexo e com reações emocionais muito diversificadas, muitas vezes consideradas irracionais. Esse comportamento imprevisível mostra que, para sua motivação, há que se atender às suas necessidades psicológicas e à estrutura de sua personalidade.



2ª - racionalidade: a noção clássica de racionalidade do comportamento humano passa a ser relativizada, ou seja, passamos a entender no Ser Humano uma racionalidade relativa, racionalidade limitada ou até irracionalidade.

Até a próxima...

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

MOTIVAÇÃO

         Uma tendência mundial, nos dias de hoje é a busca pela valorização do fator humano nas empresas e no mercado de trabalho. A exigência está na capacidade de lidar e enfrentar as adversidades da vida.
         A natureza do ser humano é muito complexa, talvez por este motivo, seja apaixonante. Ao mergulharmos nesta complexidade, constatamos a diferença entre vencedores e vencidos, campeões e perdedores, felizes e infelizes.
         Uma das causas para crises e quedas de faturamento inesperadas, nas empresas, pode estar na falta de MOTIVAÇÃO dos funcionários e até mesmo dos próprios empresários.
         Muitas vezes perguntamos, mas afinal, o que motiva o ser humano?
         A motivação é um processo individual e fruto do nosso crescimento pessoal. A nossa evolução nos impulsiona para o desejo de possibilidades maiores, em que nada é trivial e tudo é útil  para um significativo crescimento. A receita para grandes resultados está justamente nas pequenas coisas, dependendo, é claro, do foco que olharmos, do nosso grau de dedicação, esforço e da qualidade das nossas ações. Entender o processo de motivação humana auxiliará na abertura de novos espaços, novas ferramentas para grandes descobertas, aprendizagens para viver melhor e vencer de uma forma que alguns seres humanos ainda não conhecem.
Sabe-se que a motivação do alpinista não está na conquista da montanha, e sim, na conquista dele mesmo.
Cada pessoa se motiva de uma forma diferente, mas algumas premissas e características se igualam. A grande maioria das pessoas se motiva com a possibilidade de ver os seus sonhos realizados. Esses sonhos vêm moldados das mais diversas formas. Podem estar em palavras ou gestos, no reconhecimento de um trabalho bem feito, num elogio, na possibilidade de crescimento, numa palavra de compreensão e carinho, na importância da equipe, entre outros. 
A motivação é um ato de simplicidade e cumplicidade com o ser humano, e passa por uma ruptura de paradigmas. É importante que passemos a olhar as pessoas que trabalham na nossa equipe com olhos atentos, com uma visão diferente, preocupados com as suas particularidades. A empresa é um todo, formada pelo somatório individual de idéias, sentimentos, sonhos, angústias, expectativas e realizações. É na harmonia dessas emoções que o verdadeiro maestro conseguirá a sinfonia perfeita. 
         Por essas razões, o maior investimento de uma empresa deve estar nas pessoas, pois é nelas que está o poder da decisão em fazer ou não fazer, em fazer tudo ou só uma parte, em fazer correto ou mais ou menos, em fazer agora ou depois.... Como gestores de empresas, devemos, obrigatoriamente, saber que estamos num novo tempo, um tempo de competências definindo sobrevivência e que a imagem de uma empresa está em sua equipe funcional.
          O desafio é:      - O quanto somos capazes de reconhecer as necessidades individuais;
- O quanto somos capazes de aperfeiçoar nossos conhecimentos em função de relações mais produtivas;
- O quanto podemos motivar nossas equipes para resultados mais satisfatórios;
- O quanto podemos nos automotivar diante de insistentes questionamentos;

         Enfim, o quanto somos capazes de enfrentar o maior desafio: A Motivação!

Até a próxima..

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

ESTRUTURA DA PERSONALIDADE DE ACORDO COM FREUD

ESTRUTURA DA PERSONALIDADE DE ACORDO COM FREUD

            Para Freud a personalidade apresenta-se dentro da seguinte estrutura:

            - Ego – Eu consciente – o estado de consciência presente;
            - Id – Pré-consciência – subconsciência ou inconsciência;
            - Super-ego – Consciência moral (memória).

            Cochilo do Super-ego = Lapsos verbais, atos falhos.


 GESTOS E A LINGUAGEM

            São comportamentos simbólicos e se manifestam através de:

            - Gestos................................  Aceno com a cabeça
                                                           Aceno com a mão

            - Expressões do rosto...........  Sisudo, sério, Carrancudo, Cara feia
                                                           Afável, receptivo, sorridente
                                                           Decidir-se pela palavra.

            O valor da mímica só é considerado quando nós nos privamos de determinados movimentos.

Os atos são comportamentos externos que exigem exercícios práticos a fim de executá-los – fazer fazendo. Exemplo: Receita de um bolo.



PRIMEIROS MODELOS

            O ser humano ao formar sua personalidade necessita valer-se de modelos; modelos estes, reais ou irreais, fictícios, imaginários, mitológicos, enfim todos os procedimentos que ferem sua sensibilidade lhes servirão de modelos.
            Os modelos ideais, concretos e reais para a formação do ente (ser) que vem entrando no mundo são seus próprios pais, embora hoje, na sociedade de consumo em que vivemos isto se torne quase impossível, principalmente com a corrida vertiginosa da mulher nas atividades até então destinadas ao homem.
            Quando os cônjuges são muito ocupados, solicitados pela sociedade, os filhos, muitas vezes, se valem de modelos negativos.



 ATITUDES      
           
            Quanto a sua formação podem ser:
a) Por acumulação – o aluno sempre tira boas notas, por acumulação, nos exames também terá notas boas. As atitudes exteriorizadas por nós vão se acumulando e formam em terceiros uma pré-disposição para um juízo positivo ou negativo a respeito daquela criatura.
b) Por interação – uma criança que é constantemente contrariada por pessoas do mesmo sexo e da constelação familiar, por interação poderá detestar tal pessoa.
c) Por traumatização – a pessoa que sofre um acidente através de um meio de transporte qualquer, por traumatização não deverá mais se utilizar desse meio de transporte.
d) Por imitação – aquele filho que toma por modelo as atitudes do pai e por este é plenamente aceito. Formam-se nele atos imitativos, destorcendo as suas próprias tendências inatas.

Até a próxima...

. Elaboração e gestão de projetos

As organizações desempenham uma enorme e complicada variedade de redes de trabalhos de maneira coordenada e simultânea. Em geral, os traba...