terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Paradigmas em educação à distância


Quase na mesma época em que as universidades corporativas passaram a desenvolver-se a passos largos, a educação a distancia (EAD) também se desenvolveu muito, beneficiada pelas novas tecnologias da informação e comunicação, como a Internet, a videoconferência e todo o conjunto de recursos, incluindo o videocassete, CD-ROM, DVD e tantos outros.

A facilidade e rapidez de acesso à informação, a velocidade com que o conhecimento vem se acumulado e sendo difundido e a possibilidade de uma comunicação instantânea entre as pessoas, independentemente do local onde se encontrem, configuram um momento histórico extremamente favorável à utilização da educação à distância com uma das formas mais eficazes e eficientes de levar o ensino a um contingente populacional cada vez maior.  

A nova educação a distância, a webeducation, possui vantagens, tais como:
ü  facilitar o acesso a educação,
ü  reduzir os custos,
ü   proporcionar a autonomia e o auto-aprendizado
ü  estimular a educação continuada.

Suas desvantagens são:
ü  a necessidade de maior esforço, motivação, disciplina e organização do aluno;
ü  as limitações quanto à socialização do aluno;
ü  as dificuldades para o preparo, atualização e acompanhamento dos cursos;
ü   os custos de equipamentos e infra-estrutura, incluindo a velocidade de transmissão de dados e imagens; e
ü  as dificuldades de interação entre alunos e professores.


No caso brasileiro, as distâncias não podem ser encaradas exclusivamente no seu sentido físico, à medida que temos de enfrentar outros desafios, dos quais se destacam a eliminação das disparidades sociais e regionais e a inclusão digital. 
Passa a ter grande significado o atendimento aos novos paradigmas da educação, em parte fruto das demandas da sociedade e em parte decorrente dos avanços da ciência e da técnica, da nova concepção de empresa e do surgimento contínuo de novas profissões. 
A nova educação superior deve contemplar inicialmente a flexibilização curricular capaz de permitir uma formação interdisciplinar, com uma certa ‘transversalidade’ sobre as várias áreas de conhecimento, que privilegie as habilidades e competências ao exercício profissional e se constitua em estimulo constante a educação continuada.  

O segundo aspecto a ser considerado relaciona-se com o uso das tecnologias de informação e de comunicação, pois, no caso brasileiro, ainda estamos longe de garantir a inclusão digital. Os dados obtidos no ultimo censo mostram  que apenas 85% de nossa população tem acesso à Internet e, desta, cerca de 87% estão nas classes econômicas ‘A’ e ‘B’.  Assim, a internet só se constitui em meio de comunicação para apenas 1% dos brasileiros nas classes C, D e E.
Vencer distâncias, nesse caso, é estimular a instalação de laboratórios de informática, implantar programas de telecomunidades, notadamente em regiões menos favorecidas, fomentar programas de ensino a distância, implantar programas de informatização da administração pública, utilizando-se do outsourcing nacional.
Em particular, é bastante importante construir plataformas educacionais, apoiar a industria de softwares educativos, fortalecer a produção e digitalização de conteúdos e de textos, assegurar o controle de qualidade e a certificação de instituições, de serviços e de produtos.
Educação a distância está longe de ser uma solução mágica, mas, adequadamente utilizada, pode contribuir para a inserção de muitas pessoas na sociedade, reduzindo um pouco a exclusão social. A educação a distância não é fato novo; existe no Brasil há um século, mas sem escala para levar a educação a todos os que necessitam.
Outro ponto é que a educação à distância nos seus primórdios foi aplicada, principalmente, às camadas de menor poder aquisitivo e, por isso, surge e desenvolve-se acompanhada do estigma de uma educação de segunda categoria, cercada por preconceito e vista por muitos como geradora da perda de empregos. Entretanto, a educação a distância, tanto a convencional coma as de novas gerações, está longe de prescindir do professor.
Podemos afirmar que a educação a distância vai muito bem na empresa, e vai muito devagar nas escolas. Esta é uma constatação que temos de afirmar com todas as letras: a educação a distância tem sido mais utilizada, inteligentemente utilizada, pelas corporações. Um exemplo de quem faz educação de boa qualidade, mas divulga muito pouco, é o Banco do Brasil, que trabalha com mais de 200 mil alunos: faz educação indoor – para dentro – ainda, para atender as necessidades dos seus próprios funcionários. Nunca divulgou sequer esses números. A educação corporativa está sendo feita com seriedade e maximizando a oportunidade de utilizar um veiculo que mundialmente tem sido usado para a democratização de acesso a educação.  
A Internet abre, sem duvida, um espaço promissor no campo da educação a distância. Porém, é preciso que ela se faça acompanhar do saber próximo, e em vez de se transformar em uma distribuição indiscriminada de computadores, e leve junto, indissociável, programas criteriosos de pilotagem, acompanhamento e avaliação.
Precisamos ainda da educação a distância pelo rádio, pela televisão, por todos os meios. A Internet, sim, é a maior força e já é predominante, mas não podemos abrir mão de outras modalidades de educação a distância.
A educação on-line é também aquela na qual a tecnologia promove outras formas de interação entre as pessoas, sem prescindir do professor muito bem preparado. A educação a distância, quando bem-feita, longe de ser uma omissão é outra forma de estar presente.
O importante é ter bem claro qual é o papel da tecnologia, e não exaltar a tecnologia. É preciso integrar tecnologia e educação, devendo a tecnologia estar sempre a serviço da educação, analisar as vantagens e desvantagens e saber combinar o presencial e o à distância. A tendência da predominância da aprendizagem virtual deve nos levar a aceitar a idéia de que é importante lidar com essa responsabilidade inexorável. 

Fique de olho!: As instituições que detêm maior sucesso em seus programas de educação a distância são as que se utilizam de meios diversificados, desde a mídia impressa até meios de alta interatividade, como a videoconferência.

Seja qual for o veiculo utilizado, a palavra-chave da moderna educação a distancia é INTERAÇÃO.

Nos próximos anos, vamos ouvir cada vez mais os termos “Blended Learning”, “Hybrid Learning” e “Dual Mode Learning” – são todos sinônimos para a idéia estratégica de misturar a aprendizagem presencial com a aprendizagem a distancia. No Brasil, no Ministério da Educação  permite que se faça até 20% de um curso universitário a distância; 80% têm que ser presencial.
Na educação corporativa a opção é manter a educação à distância, on-line, em vez do instrutor, ensinar por intermediário do campus virtual. As universidades corporativas, portanto, são uma conseqüência da economia globalizada para promover a educação permanente a funcionários, clientes, fornecedores e à própria comunidade em que a empresa está inserida.

Podem ser identificados no Brasil alguns problemas que dificultam a adoção do modelo de educação corporativa:
ü  resistência em mudar do paradigma presencial de aprendizagem para a educação virtual, tanto por parte dos profissionais de treinamento e desenvolvimento como dos empregados,
ü  metas corporativas focalizadas no retorno financeiro de curto prazo e
ü  desconsideração da importância de atuação de uma força de trabalho talentosa, criativa e inovadora.

Há, porem, um paradoxo: a mesma pressão do mercado, que nos traz tanta exigência de requalificação permanente, exige-nos cada vez mais tempo de dedicação.      

Por outro lado é preciso, por outro, não se consegue. Por isso inventaram a educação à distância: por um lado, precisamos de novas competências. Pensando nisso, criou-se a chamada educação à distância, que, diz a lenda, quebra os paradigmas de tempo e espaço.
Essa idéia de educação a distância surgiu como um negócio ótimo, mas possui alguns entraves. E a nossa experiência tem mostrado que esse entraves, ás vezes, são um pouco mais graves do que a gente imaginava.
Em uma anedota, o garoto chega para o pai e diz: “Pai, eu ensinei o cachorro a cantar”. Aí, o pai fica todo entusiasmado e começa a pedir ao cachorro que cante alguma coisa. Isso obviamente não acontece e o menino fala: “Pai, eu disse que ensinei, mas não disse que o cachorro aprendeu”. Essa anedota mostra que existe uma diferença oposta entre ensinar alguma coisa a alguém e essa pessoa aprender essa coisa. O aprendizado significa retenção do conhecimento e, mais do que isso, uma mudança de atitude. É fácil desenvolver um conteúdo on-line fantástico, no qual se coloca uma quantidade enorme de conhecimento. O aluno faz aquele curso, presta exames, tira notas altíssimas e, no dia seguinte, está fazendo do mesmo jeito que fazia antes. Aliás, isso não se aplica só na educação à distância, mas sim em qualquer educação: a diferença entre ensinar e aprender.
Outro problema é a ‘síndrome da esteira ergométrica’. O excesso de disponibilidade tende a ser um veneno. Na academia havia o encorajamento mútuo: ela cobrava a presença dos colegas e os colegas cobravam a dela.
Em um curso de e-learning com mais de 60 horas, a taxa de desistência pode chegar a 85% ou 90%. Ficar o dia inteiro em uma sala de aula, todo mundo fica; mas o dia inteiro na frente de um computador é complicadíssimo. Isso é um grande desafio da educação à distância. 

Outro grande desafio da educação a distância é a ‘síndrome do teatro filmado’.
Precisamos vencer uma barreira: não transformar um livro ou uma aula presencial em uma aula eletrônica. Isso é fácil de falar, mas nem sempre é fácil de fazer.
O terceiro problema é a ‘síndrome do celular’. É interessante: um aparelho caro, com visor colorido, faz download, tem alta tecnologia, pesa menos de 100 gramas e falha. Diz que, se está em uma área fora do alcance, mesmo quando o sinal está bom e não raro, só avisa a existência de mensagens no dia seguinte. No entanto, é uma tecnologia sofisticadíssima. Contudo, há um problema: tecnologia sofisticadíssima também falha. A Internet falha e deixa o aluno possesso. Há casos de alunos que mandam um e-mail á escola dizendo: “Onde já se viu uma instituição como a Fundação Getulio Vargas marcar um chat num sábado às 9 horas e o servidor está fora do ar!” O servidor não estava fora do ar, mas por algum motivo o aluno não conseguiu o acesso. Teve aula. Havia mais de 20 alunos conectados. Porem, ele não conseguiu ter acesso e ficou irritado. Quanto mais moderna a tecnologia, maior o risco de isso acontecer.
O grande apelo de uma educação mediada por tecnologia é troca de experiências. Em uma sala de aula, a troca de experiência tende a ser limitadíssima. Mas, quando se colocam as pessoas em um fórum de discussão em um chat, não existe inibição. É chato pedir a palavra para o professor e falar uma besteira. Entretanto, escrever uma besteira no chat ninguém liga: faz parte do processo de aprendizagem. Esse talvez seja o principal ganho, o principal bônus.
 Segundo: o que nos faz crescer como pessoas, como profissionais e como tudo mais é a co-responsabilidade. Um conselho: desista de fazer um curso mediado por tecnologia se você é uma pessoa que precisa de alguém lhe cobrando para você fazer alguma coisa. Ou se desenvolve a responsabilidade de “quem gerencia a sua carreira e a sua vida é você” ou se está fora do mercado.

Finalizando, a educação a distância nunca vai substituir a educação convencional. Nunca. Nem daqui a cinco séculos. O rádio não acabou com a música ao vivo. A televisão não acabou com o rádio. E a educação a distância não acabará com a educação convencional. Porque ela complementa, de forma diferente, as coisas que não existiam antes. 


Até a próxima...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Educação e trabalho


Estamos transitando da era do trabalho braçal para o trabalho mental, intelectual. Alguns dizem que estamos passando da era da mão-de-obra para a da mente-de-obra. Prefiro dizer que estamos transitando da era da mão-de-obra para a era da mente criadora e libertadora. Devemos então ler, aprender, analisar, criar e planejar sempre, e mais. Os povos que assim se comportam já vão mais à frente.
Precisamos agora de mais líderes sábios e criativos. Líderes capazes de potenciar mais, desenvolver e tornar mais úteis a inteligência, o conhecimento e a criatividade. É tempo de fazer mais e melhor com menos custos e esforços buscando o beneficio social, e em rota de auto-sustentação.
As altas tecnologias de que hoje dispomos permitem-nos economizar tempo nas rotinas físicas e burocráticas de trabalho e usar melhor esse tempo para avançar em novos conhecimentos, até como forma de lazer. Afinal, trabalhar não precisa ser tripaliare (do latim, tortura / ser torturado). Trabalhar deve ser o exercício de uma atividade produtiva e prazerosa. Assim se pode fazer mais e melhor e com satisfação.
Em outras oportunidades temos observado, como agora também o fazemos, que as novas necessidades que se sucedem a cada dia, a complexidade e a dinâmica rápida dos avanços já não permitem que trabalhemos sob rotinas miseravelmente conservadoras e retrógradas, ou apenas imitadoras e repetidoras dos avanços dos outros. É preciso uma dinâmica transformadora própria para  as demandas diferenciadas que se sucedem. Então as universidades corporativas que vão se multiplicando em todo o mundo são apenas respostas naturais do processo evolutivo humano.
É verdade que problemas sociais mais graves estão sendo criados, porque na medida em que as pessoas não são preparadas para criar e explorar a infinita capacidade humana de criar, essas pessoas vão ficando cada vez mais deslocadas de condições de produção do nosso tempo. Não tem mais emprego no banco, não tem mais emprego no escritório, não tem mais emprego na fábrica, para quem somente sabe cumprir ordens, executar tarefas repetitivas e prescritas. Aqui reside o desafio da escola, hoje. Aliais, é o desafio da própria sociedade. Nós temos que pensar em uma nova escola. Nós temos que pensar em uma sociedade sabendo que, hoje, o primeiro emprego já não é mais o emprego de apertador de botão. O primeiro emprego é o de jogador de futebol, por que não? É o de artista, por que não? Por isso, tantas iniciativas que surgem, espontaneamente, na nossa sociedade buscando encaminhar os nossos jovens para fazer teatro, para fazer música, para fazer hip-hop, para jogar futebol estão certas. Teatro, música, esportes são atividades criativas. São atividades inerentemente humanas. E geram renda.               
Gerações de pessoas, educadas a operarem em ambientes burocráticos, viram seu saber tornar-se um estoque de conhecimento velho, defasado e sem valor. Essa gente teve de aprender novas tecnologias e desaprender seus métodos passados de conhecimento.
Os empresários podem interessar-se em investir em educação e treinamento específico porque, embora paguem mais caro pelos operários e colaboradores mais especializados, para se apropriarem de seu conhecimento e não os verem fugir para a concorrência, dividem com o trabalhador os benefícios gerados pelo conhecimento. O trabalhador vê seu salário, suas bonificações e seus prêmios aumentarem; ao mesmo tempo, o empresário constata que, com maior produtividade, economicidade, motivação, capacidade de discernimento e habilidades associada ao aprendizado, seus lucros aumentam.
 O treinamento é uma solução de modelo tradicional de organização, no qual a aprendizagem se caracteriza pela forma presencial, impessoal e descontínua. Na era da empresa do conhecimento a educação é permanente, personalizada e just-in-time, isto é, o conhecimento está disponível no momento em que necessitamos dele.
Atualmente se fala, também, em estoques eletrônicos para a realização do trabalho. O trabalhador do conhecimento não precisa aprender tudo, porque amanhã poderá ter de reaprender os conceitos que ficaram obsoletos, portanto há uma grande preocupação em disponibilizar as informações on-line. Esse recurso permite que as dúvidas para a execução do trabalho estejam disponíveis por meio de suporte eletrônico que representam um campo diferente do e-learning, porque seu objetivo não é ensinar, mas sim permitir que o profissional faça consultas no momento em que ocorra a dúvida, durante a realização do trabalho.

Importante: A tecnologia de que dispomos neste século faz que a aprendizagem seja permanente. Assim, podemos concluir que o treinamento se transformou educação gerenciada pela empresa. Esse enfoque permite gerar o conhecimento que impulsiona as organizações que derivam o seu sucesso dos elementos intangíveis.

A mudança de enfoque do treinamento para a educação corporativa provocou um grande impacto na forma como a carreira do empregado é atualmente gerenciada. No modelo tradicional, a carreira era controlada pela empresa e as expectativas do empregado estavam alinhadas com as tendências paternalistas, que sempre caracterizaram as relações do trabalho nessa área. Os profissionais que atuam em recursos humanos há algum tempo devem se lembrar dos celebres planos de sucessão e de cargos e salários, que constituíam os instrumentos de controle pela empresa da carreira de seus empregados. Hoje, a empresa do século XXI, quem controla a carreira é o próprio empregado. Ou o profissional programa a sua atualização e cuida da sua empregabilidade ou corre o risco de ficar obsoleto e sem condições de competitividade no mercado de trabalho. Cumpre à empresa permitir o acesso e seus empregados ao conhecimento. E o ensino passou de predominantemente presencial para virtual. Essas são as grandes diferenças que caracterizam as empresas flexíveis e globalizadas. Quando falamos em organizações do conhecimento estamos nos referindo àquelas que, se não inovarem e investirem em criatividade vão perder o seu poder de competitividade.

Até a próxima...

. Elaboração e gestão de projetos

As organizações desempenham uma enorme e complicada variedade de redes de trabalhos de maneira coordenada e simultânea. Em geral, os traba...