Estamos transitando da era do
trabalho braçal para o trabalho mental, intelectual. Alguns dizem que estamos
passando da era da mão-de-obra para a da mente-de-obra. Prefiro dizer que
estamos transitando da era da mão-de-obra para a era da mente criadora e
libertadora. Devemos então ler, aprender, analisar, criar e planejar sempre, e
mais. Os povos que assim se comportam já vão mais à frente.
Precisamos agora de mais líderes
sábios e criativos. Líderes capazes de potenciar mais, desenvolver e tornar
mais úteis a inteligência, o conhecimento e a criatividade. É tempo de fazer
mais e melhor com menos custos e esforços buscando o beneficio social, e em
rota de auto-sustentação.
As altas tecnologias de que hoje
dispomos permitem-nos economizar tempo nas rotinas físicas e burocráticas de
trabalho e usar melhor esse tempo para avançar em novos conhecimentos, até como
forma de lazer. Afinal, trabalhar não precisa ser tripaliare (do latim, tortura / ser torturado). Trabalhar deve ser
o exercício de uma atividade produtiva e prazerosa. Assim se pode fazer mais e
melhor e com satisfação.
Em outras oportunidades temos
observado, como agora também o fazemos, que as novas necessidades que se sucedem
a cada dia, a complexidade e a dinâmica rápida dos avanços já não permitem que
trabalhemos sob rotinas miseravelmente conservadoras e retrógradas, ou apenas
imitadoras e repetidoras dos avanços dos outros. É preciso uma dinâmica
transformadora própria para as demandas
diferenciadas que se sucedem. Então as universidades corporativas que vão se
multiplicando em todo o mundo são apenas respostas naturais do processo
evolutivo humano.
É verdade que problemas sociais mais
graves estão sendo criados, porque na medida em que as pessoas não são
preparadas para criar e explorar a infinita capacidade humana de criar, essas
pessoas vão ficando cada vez mais deslocadas de condições de produção do nosso
tempo. Não tem mais emprego no banco, não tem mais emprego no escritório, não
tem mais emprego na fábrica, para quem somente sabe cumprir ordens, executar
tarefas repetitivas e prescritas. Aqui reside o desafio da escola, hoje. Aliais,
é o desafio da própria sociedade. Nós temos que pensar em uma nova escola. Nós
temos que pensar em uma sociedade sabendo que, hoje, o primeiro emprego já não
é mais o emprego de apertador de botão. O primeiro emprego é o de jogador de
futebol, por que não? É o de artista, por que não? Por isso, tantas iniciativas
que surgem, espontaneamente, na nossa sociedade buscando encaminhar os nossos
jovens para fazer teatro, para fazer música, para fazer hip-hop, para jogar futebol estão certas. Teatro, música, esportes
são atividades criativas. São atividades inerentemente humanas. E geram
renda.
Gerações de pessoas, educadas a
operarem em ambientes burocráticos, viram seu saber tornar-se um estoque de
conhecimento velho, defasado e sem valor. Essa gente teve de aprender novas
tecnologias e desaprender seus métodos passados de conhecimento.
Os empresários podem interessar-se
em investir em educação e treinamento específico porque, embora paguem mais
caro pelos operários e colaboradores mais especializados, para se apropriarem
de seu conhecimento e não os verem fugir para a concorrência, dividem com o
trabalhador os benefícios gerados pelo conhecimento. O trabalhador vê seu
salário, suas bonificações e seus prêmios aumentarem; ao mesmo tempo, o
empresário constata que, com maior produtividade, economicidade, motivação,
capacidade de discernimento e habilidades associada ao aprendizado, seus lucros
aumentam.
O treinamento é uma solução de modelo
tradicional de organização, no qual a aprendizagem se caracteriza pela forma
presencial, impessoal e descontínua. Na era da empresa do conhecimento a
educação é permanente, personalizada e just-in-time,
isto é, o conhecimento está disponível no momento em que necessitamos dele.
Atualmente se fala, também, em
estoques eletrônicos para a realização do trabalho. O trabalhador do
conhecimento não precisa aprender tudo, porque amanhã poderá ter de reaprender
os conceitos que ficaram obsoletos, portanto há uma grande preocupação em
disponibilizar as informações on-line. Esse recurso permite que as dúvidas para
a execução do trabalho estejam disponíveis por meio de suporte eletrônico que
representam um campo diferente do e-learning,
porque seu objetivo não é ensinar, mas sim permitir que o profissional faça
consultas no momento em que ocorra a dúvida, durante a realização do trabalho.
Importante: A tecnologia
de que dispomos neste século faz que a aprendizagem seja permanente. Assim,
podemos concluir que o treinamento se transformou educação gerenciada pela
empresa. Esse enfoque permite gerar o conhecimento que impulsiona as
organizações que derivam o seu sucesso dos elementos intangíveis.
A mudança de enfoque do treinamento
para a educação corporativa provocou um grande impacto na forma como a carreira
do empregado é atualmente gerenciada. No modelo tradicional, a carreira era
controlada pela empresa e as expectativas do empregado estavam alinhadas com as
tendências paternalistas, que sempre caracterizaram as relações do trabalho
nessa área. Os profissionais que atuam em recursos humanos há algum tempo devem
se lembrar dos celebres planos de sucessão e de cargos e salários, que
constituíam os instrumentos de controle pela empresa da carreira de seus
empregados. Hoje, a empresa do século XXI, quem controla a carreira é o próprio
empregado. Ou o profissional programa a sua atualização e cuida da sua empregabilidade
ou corre o risco de ficar obsoleto e sem condições de competitividade no
mercado de trabalho. Cumpre à empresa permitir o acesso e seus empregados ao
conhecimento. E o ensino passou de predominantemente presencial para virtual.
Essas são as grandes diferenças que caracterizam as empresas flexíveis e
globalizadas. Quando falamos em organizações do conhecimento estamos nos
referindo àquelas que, se não inovarem e investirem em criatividade vão perder
o seu poder de competitividade.
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