segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Educação e trabalho


Estamos transitando da era do trabalho braçal para o trabalho mental, intelectual. Alguns dizem que estamos passando da era da mão-de-obra para a da mente-de-obra. Prefiro dizer que estamos transitando da era da mão-de-obra para a era da mente criadora e libertadora. Devemos então ler, aprender, analisar, criar e planejar sempre, e mais. Os povos que assim se comportam já vão mais à frente.
Precisamos agora de mais líderes sábios e criativos. Líderes capazes de potenciar mais, desenvolver e tornar mais úteis a inteligência, o conhecimento e a criatividade. É tempo de fazer mais e melhor com menos custos e esforços buscando o beneficio social, e em rota de auto-sustentação.
As altas tecnologias de que hoje dispomos permitem-nos economizar tempo nas rotinas físicas e burocráticas de trabalho e usar melhor esse tempo para avançar em novos conhecimentos, até como forma de lazer. Afinal, trabalhar não precisa ser tripaliare (do latim, tortura / ser torturado). Trabalhar deve ser o exercício de uma atividade produtiva e prazerosa. Assim se pode fazer mais e melhor e com satisfação.
Em outras oportunidades temos observado, como agora também o fazemos, que as novas necessidades que se sucedem a cada dia, a complexidade e a dinâmica rápida dos avanços já não permitem que trabalhemos sob rotinas miseravelmente conservadoras e retrógradas, ou apenas imitadoras e repetidoras dos avanços dos outros. É preciso uma dinâmica transformadora própria para  as demandas diferenciadas que se sucedem. Então as universidades corporativas que vão se multiplicando em todo o mundo são apenas respostas naturais do processo evolutivo humano.
É verdade que problemas sociais mais graves estão sendo criados, porque na medida em que as pessoas não são preparadas para criar e explorar a infinita capacidade humana de criar, essas pessoas vão ficando cada vez mais deslocadas de condições de produção do nosso tempo. Não tem mais emprego no banco, não tem mais emprego no escritório, não tem mais emprego na fábrica, para quem somente sabe cumprir ordens, executar tarefas repetitivas e prescritas. Aqui reside o desafio da escola, hoje. Aliais, é o desafio da própria sociedade. Nós temos que pensar em uma nova escola. Nós temos que pensar em uma sociedade sabendo que, hoje, o primeiro emprego já não é mais o emprego de apertador de botão. O primeiro emprego é o de jogador de futebol, por que não? É o de artista, por que não? Por isso, tantas iniciativas que surgem, espontaneamente, na nossa sociedade buscando encaminhar os nossos jovens para fazer teatro, para fazer música, para fazer hip-hop, para jogar futebol estão certas. Teatro, música, esportes são atividades criativas. São atividades inerentemente humanas. E geram renda.               
Gerações de pessoas, educadas a operarem em ambientes burocráticos, viram seu saber tornar-se um estoque de conhecimento velho, defasado e sem valor. Essa gente teve de aprender novas tecnologias e desaprender seus métodos passados de conhecimento.
Os empresários podem interessar-se em investir em educação e treinamento específico porque, embora paguem mais caro pelos operários e colaboradores mais especializados, para se apropriarem de seu conhecimento e não os verem fugir para a concorrência, dividem com o trabalhador os benefícios gerados pelo conhecimento. O trabalhador vê seu salário, suas bonificações e seus prêmios aumentarem; ao mesmo tempo, o empresário constata que, com maior produtividade, economicidade, motivação, capacidade de discernimento e habilidades associada ao aprendizado, seus lucros aumentam.
 O treinamento é uma solução de modelo tradicional de organização, no qual a aprendizagem se caracteriza pela forma presencial, impessoal e descontínua. Na era da empresa do conhecimento a educação é permanente, personalizada e just-in-time, isto é, o conhecimento está disponível no momento em que necessitamos dele.
Atualmente se fala, também, em estoques eletrônicos para a realização do trabalho. O trabalhador do conhecimento não precisa aprender tudo, porque amanhã poderá ter de reaprender os conceitos que ficaram obsoletos, portanto há uma grande preocupação em disponibilizar as informações on-line. Esse recurso permite que as dúvidas para a execução do trabalho estejam disponíveis por meio de suporte eletrônico que representam um campo diferente do e-learning, porque seu objetivo não é ensinar, mas sim permitir que o profissional faça consultas no momento em que ocorra a dúvida, durante a realização do trabalho.

Importante: A tecnologia de que dispomos neste século faz que a aprendizagem seja permanente. Assim, podemos concluir que o treinamento se transformou educação gerenciada pela empresa. Esse enfoque permite gerar o conhecimento que impulsiona as organizações que derivam o seu sucesso dos elementos intangíveis.

A mudança de enfoque do treinamento para a educação corporativa provocou um grande impacto na forma como a carreira do empregado é atualmente gerenciada. No modelo tradicional, a carreira era controlada pela empresa e as expectativas do empregado estavam alinhadas com as tendências paternalistas, que sempre caracterizaram as relações do trabalho nessa área. Os profissionais que atuam em recursos humanos há algum tempo devem se lembrar dos celebres planos de sucessão e de cargos e salários, que constituíam os instrumentos de controle pela empresa da carreira de seus empregados. Hoje, a empresa do século XXI, quem controla a carreira é o próprio empregado. Ou o profissional programa a sua atualização e cuida da sua empregabilidade ou corre o risco de ficar obsoleto e sem condições de competitividade no mercado de trabalho. Cumpre à empresa permitir o acesso e seus empregados ao conhecimento. E o ensino passou de predominantemente presencial para virtual. Essas são as grandes diferenças que caracterizam as empresas flexíveis e globalizadas. Quando falamos em organizações do conhecimento estamos nos referindo àquelas que, se não inovarem e investirem em criatividade vão perder o seu poder de competitividade.

Até a próxima...

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