Quase na mesma época em que as
universidades corporativas passaram a desenvolver-se a passos largos, a
educação a distancia (EAD) também se desenvolveu muito, beneficiada pelas novas
tecnologias da informação e comunicação, como a Internet, a videoconferência e
todo o conjunto de recursos, incluindo o videocassete, CD-ROM, DVD e tantos
outros.
A facilidade e rapidez de acesso à
informação, a velocidade com que o conhecimento vem se acumulado e sendo
difundido e a possibilidade de uma comunicação instantânea entre as pessoas,
independentemente do local onde se encontrem, configuram um momento histórico
extremamente favorável à utilização da educação à distância com uma das formas
mais eficazes e eficientes de levar o ensino a um contingente populacional cada
vez maior.
A nova educação a distância, a webeducation, possui vantagens, tais
como:
ü facilitar o acesso a educação,
ü reduzir os custos,
ü proporcionar a autonomia e o auto-aprendizado
ü estimular a educação continuada.
Suas desvantagens são:
ü a necessidade de maior esforço,
motivação, disciplina e organização do aluno;
ü as limitações quanto à socialização
do aluno;
ü as dificuldades para o preparo,
atualização e acompanhamento dos cursos;
ü os custos de equipamentos e infra-estrutura, incluindo
a velocidade de transmissão de dados e imagens; e
ü as dificuldades de interação entre
alunos e professores.
No caso brasileiro, as distâncias
não podem ser encaradas exclusivamente no seu sentido físico, à medida que
temos de enfrentar outros desafios, dos quais se destacam a eliminação das
disparidades sociais e regionais e a inclusão digital.
Passa a ter grande significado o
atendimento aos novos paradigmas da educação, em parte fruto das demandas da
sociedade e em parte decorrente dos avanços da ciência e da técnica, da nova
concepção de empresa e do surgimento contínuo de novas profissões.
A nova educação superior deve
contemplar inicialmente a flexibilização curricular capaz de permitir uma
formação interdisciplinar, com uma certa ‘transversalidade’ sobre as várias
áreas de conhecimento, que privilegie as habilidades e competências ao
exercício profissional e se constitua em estimulo constante a educação
continuada.
O segundo aspecto a ser considerado
relaciona-se com o uso das tecnologias de informação e de comunicação, pois, no
caso brasileiro, ainda estamos longe de garantir a inclusão digital. Os dados
obtidos no ultimo censo mostram que
apenas 85% de nossa população tem acesso à Internet e, desta, cerca de 87%
estão nas classes econômicas ‘A’ e ‘B’.
Assim, a internet só se constitui em meio de comunicação para apenas 1%
dos brasileiros nas classes C, D e E.
Vencer distâncias, nesse caso, é
estimular a instalação de laboratórios de informática, implantar programas de
telecomunidades, notadamente em regiões menos favorecidas, fomentar programas
de ensino a distância, implantar programas de informatização da administração
pública, utilizando-se do outsourcing
nacional.
Em particular, é bastante importante
construir plataformas educacionais, apoiar a industria de softwares educativos,
fortalecer a produção e digitalização de conteúdos e de textos, assegurar o
controle de qualidade e a certificação de instituições, de serviços e de
produtos.
Educação a distância está longe de
ser uma solução mágica, mas, adequadamente utilizada, pode contribuir para a
inserção de muitas pessoas na sociedade, reduzindo um pouco a exclusão social.
A educação a distância não é fato novo; existe no Brasil há um século, mas sem
escala para levar a educação a todos os que necessitam.
Outro ponto é que a educação à
distância nos seus primórdios foi aplicada, principalmente, às camadas de menor
poder aquisitivo e, por isso, surge e desenvolve-se acompanhada do estigma de
uma educação de segunda categoria, cercada por preconceito e vista por muitos
como geradora da perda de empregos. Entretanto, a educação a distância, tanto a
convencional coma as de novas gerações, está longe de prescindir do professor.
Podemos afirmar que a educação a
distância vai muito bem na empresa, e vai muito devagar nas escolas. Esta é uma
constatação que temos de afirmar com todas as letras: a educação a distância
tem sido mais utilizada, inteligentemente utilizada, pelas corporações. Um
exemplo de quem faz educação de boa qualidade, mas divulga muito pouco, é o
Banco do Brasil, que trabalha com mais de 200 mil alunos: faz educação indoor – para dentro – ainda, para
atender as necessidades dos seus próprios funcionários. Nunca divulgou sequer
esses números. A educação corporativa está sendo feita com seriedade e
maximizando a oportunidade de utilizar um veiculo que mundialmente tem sido
usado para a democratização de acesso a educação.
A Internet abre, sem duvida, um
espaço promissor no campo da educação a distância. Porém, é preciso que ela se
faça acompanhar do saber próximo, e em vez de se transformar em uma
distribuição indiscriminada de computadores, e leve junto, indissociável,
programas criteriosos de pilotagem, acompanhamento e avaliação.
Precisamos ainda da educação a
distância pelo rádio, pela televisão, por todos os meios. A Internet, sim, é a
maior força e já é predominante, mas não podemos abrir mão de outras
modalidades de educação a distância.
A educação on-line é também aquela
na qual a tecnologia promove outras formas de interação entre as pessoas, sem
prescindir do professor muito bem preparado. A educação a distância, quando
bem-feita, longe de ser uma omissão é outra forma de estar presente.
O importante é ter bem claro qual é
o papel da tecnologia, e não exaltar a tecnologia. É preciso integrar
tecnologia e educação, devendo a tecnologia estar sempre a serviço da educação,
analisar as vantagens e desvantagens e saber combinar o presencial e o à
distância. A tendência da predominância da aprendizagem virtual deve nos levar
a aceitar a idéia de que é importante lidar com essa responsabilidade
inexorável.
Fique de olho!: As
instituições que detêm maior sucesso em seus programas de educação a distância
são as que se utilizam de meios diversificados, desde a mídia impressa até
meios de alta interatividade, como a videoconferência.
Seja qual for o veiculo utilizado, a
palavra-chave da moderna educação a distancia é INTERAÇÃO.
Nos próximos anos, vamos ouvir cada
vez mais os termos “Blended Learning”, “Hybrid Learning” e “Dual Mode Learning”
– são todos sinônimos para a idéia estratégica de misturar a aprendizagem
presencial com a aprendizagem a distancia. No Brasil, no Ministério da
Educação permite que se faça até 20% de
um curso universitário a distância; 80% têm que ser presencial.
Na educação corporativa a opção é
manter a educação à distância, on-line, em vez do instrutor, ensinar por
intermediário do campus virtual. As universidades corporativas, portanto, são
uma conseqüência da economia globalizada para promover a educação permanente a
funcionários, clientes, fornecedores e à própria comunidade em que a empresa
está inserida.
Podem ser identificados no Brasil
alguns problemas que dificultam a adoção do modelo de educação corporativa:
ü resistência em mudar do paradigma
presencial de aprendizagem para a educação virtual, tanto por parte dos
profissionais de treinamento e desenvolvimento como dos empregados,
ü metas corporativas focalizadas no
retorno financeiro de curto prazo e
ü desconsideração da importância de
atuação de uma força de trabalho talentosa, criativa e inovadora.
Há, porem, um paradoxo: a mesma
pressão do mercado, que nos traz tanta exigência de requalificação permanente,
exige-nos cada vez mais tempo de dedicação.
Por outro lado é preciso, por outro,
não se consegue. Por isso inventaram a educação à distância: por um lado,
precisamos de novas competências. Pensando nisso, criou-se a chamada educação à
distância, que, diz a lenda, quebra os paradigmas de tempo e espaço.
Essa idéia de educação a distância
surgiu como um negócio ótimo, mas possui alguns entraves. E a nossa experiência
tem mostrado que esse entraves, ás vezes, são um pouco mais graves do que a
gente imaginava.
Em uma anedota, o garoto chega para
o pai e diz: “Pai, eu ensinei o cachorro a cantar”. Aí, o pai fica todo
entusiasmado e começa a pedir ao cachorro que cante alguma coisa. Isso
obviamente não acontece e o menino fala: “Pai, eu disse que ensinei, mas não
disse que o cachorro aprendeu”. Essa anedota mostra que existe uma diferença oposta
entre ensinar alguma coisa a alguém e essa pessoa aprender essa coisa. O
aprendizado significa retenção do conhecimento e, mais do que isso, uma mudança
de atitude. É fácil desenvolver um conteúdo on-line fantástico, no qual se
coloca uma quantidade enorme de conhecimento. O aluno faz aquele curso, presta
exames, tira notas altíssimas e, no dia seguinte, está fazendo do mesmo jeito
que fazia antes. Aliás, isso não se aplica só na educação à distância, mas sim
em qualquer educação: a diferença entre ensinar e aprender.
Outro problema é a ‘síndrome da
esteira ergométrica’. O excesso de disponibilidade tende a ser um veneno. Na
academia havia o encorajamento mútuo: ela cobrava a presença dos colegas e os
colegas cobravam a dela.
Em um curso de e-learning com mais de 60 horas, a taxa de desistência pode chegar
a 85% ou 90%. Ficar o dia inteiro em uma sala de aula, todo mundo fica; mas o
dia inteiro na frente de um computador é complicadíssimo. Isso é um grande
desafio da educação à distância.
Outro grande desafio da educação a
distância é a ‘síndrome do teatro filmado’.
Precisamos vencer uma barreira: não
transformar um livro ou uma aula presencial em uma aula eletrônica. Isso é
fácil de falar, mas nem sempre é fácil de fazer.
O terceiro problema é a ‘síndrome do
celular’. É interessante: um aparelho caro, com visor colorido, faz download,
tem alta tecnologia, pesa menos de 100 gramas e falha. Diz que, se está em uma
área fora do alcance, mesmo quando o sinal está bom e não raro, só avisa a
existência de mensagens no dia seguinte. No entanto, é uma tecnologia
sofisticadíssima. Contudo, há um problema: tecnologia sofisticadíssima também
falha. A Internet falha e deixa o aluno possesso. Há casos de alunos que mandam
um e-mail á escola dizendo: “Onde já se viu uma instituição como a Fundação
Getulio Vargas marcar um chat num sábado às 9 horas e o servidor está fora do
ar!” O servidor não estava fora do ar, mas por algum motivo o aluno não
conseguiu o acesso. Teve aula. Havia mais de 20 alunos conectados. Porem, ele
não conseguiu ter acesso e ficou irritado. Quanto mais moderna a tecnologia,
maior o risco de isso acontecer.
O grande apelo de uma educação
mediada por tecnologia é troca de experiências. Em uma sala de aula, a troca de
experiência tende a ser limitadíssima. Mas, quando se colocam as pessoas em um
fórum de discussão em um chat, não existe inibição. É chato pedir a palavra
para o professor e falar uma besteira. Entretanto, escrever uma besteira no
chat ninguém liga: faz parte do processo de aprendizagem. Esse talvez seja o
principal ganho, o principal bônus.
Segundo: o que nos faz crescer como pessoas,
como profissionais e como tudo mais é a co-responsabilidade. Um conselho:
desista de fazer um curso mediado por tecnologia se você é uma pessoa que precisa
de alguém lhe cobrando para você fazer alguma coisa. Ou se desenvolve a
responsabilidade de “quem gerencia a sua carreira e a sua vida é você” ou se
está fora do mercado.
Finalizando, a educação a distância
nunca vai substituir a educação convencional. Nunca. Nem daqui a cinco séculos.
O rádio não acabou com a música ao vivo. A televisão não acabou com o rádio. E
a educação a distância não acabará com a educação convencional. Porque ela
complementa, de forma diferente, as coisas que não existiam antes.
Até a próxima...