Somos sociais não apenas porque dependemos
de outros para viver, mas porque os outros influenciam na maneira como
convivemos com nós mesmos e com aquilo que fazemos.
O homem é um ser social, e o ambiente de trabalho é o local onde esse conceito é mais testado durante nossa vida adulta. Praticamente já não existem profissões exercidas isoladamente, como faziam os antigos artesões. A maioria das funções atualmente é executada por equipes. E, muitas vezes, haja paciência para tolerar a convivência dentro da empresa, que já foi definida como um campo minado, em que, a qualquer momento podemos pisar no lugar errado e detonar um sentimento até então escondido. A raiva, o ciúmes, as frustrações, o medo passam muito tempo escondidos antes de se mostrarem em sua plenitude destrutiva.
É também no grupo, por outro lado, que vive a afetividade, a capacidade de compartilhar sentimentos positivos, aprender e colaborar. É tudo uma questão de saber cutucar as moitas certas.
Pense um pouco em seu ambiente de trabalho, e faça uma pequena
análise. Você perceberá que está relacionado de forma permanente com dois
fenômenos: com o trabalho em si, e
com as relações interpessoais. A
ligação com a tarefa engloba a aptidão que você tem, se gosta ou não do que
está fazendo, o resultado financeiro, o volume de trabalho e seu projeto pessoal
de vida do qual este trabalho faz parte. Nas relações interpessoais entram a
dependência funcional que as pessoas têm entre si e também a relação
propriamente dita, o seu lado humano.
Pois bem, o resultado e a qualidade do trabalho que você faz depende
desses dois fatores, e ainda depende da interação entre ambos. Gostar do
trabalho, mas viver em um ambiente ruim não é muito diferente de não ter
aptidão para a tarefa apesar de estar entre amigos. A tendência em ambos os
casos é não durar muito seu estoque de energia para trabalhar. A mediação entre
esses dois fatores foi estudada pelo psicólogo social Kurt Lewin e foi chamada
por ele de “campo de forças”. Nosso desempenho depende da interação dessas
forças.
O ambiente é fundamental, inclusive porque a percepção do valor e da beleza do trabalho pode ser influenciada por ele. Complexo, não é mesmo?
Vem daí a importância dos
substantivos “validação”, “colaboração”, “estímulo”, “feedback”, “mediação”,
“tolerância”, “motivação”, “liderança”, que devem ser cada vez mais
transformados em verbos e conjugados intensamente nos ambientes de trabalho.
Você trabalha em equipe quando todos os membros compartilham o objetivo comum, colaboram sinergicamente entre si e
quando há qualidade nas relações
interpessoais. Se faltar um desses três elementos não é uma equipe, apenas um
grupo. Se faltarem os três estaremos diante de um simples bando.
O homem é um ser social por que é frágil demais para viver sozinho.
No entanto, sua maior desgraça reside no fato de que ele ainda não aprendeu bem
a viver em sociedade.
Ainda está acordando para o fato de que conviver significa
levar em consideração o semelhante com todas as suas características pessoais.
Conviver significa compartilhar,
repartir, confiar, tolerar, ajudar, entender.
Às vezes comparamos a empresa com uma família, que é um lugar onde
as diferenças também existem, mas devem ser sempre menores que as ligações
afetivas que só há na família. Já se disse que ter uma família é “ter em quem
confiar e ter a quem ajudar”. Essa é uma bela definição de família e também de
grupo social, pois não há quem possa dispensar a necessidade de confiar nos
outros, e não há quem não possa ou não se sinta bem ao colaborar com seu
companheiro.
O homem é um ser social, e o homem é um ser consciente. Quanto
maior a consciência maior a qualidade do convívio social. E a consciência
significa uma visão clara do mundo circundante complementado por uma análise lúcida de sua relação com esse mundo.
Quanto maior a lucidez, maior e melhor sua relação com o semelhante, seja o
irmão, o colega, o cliente, o estranho.
E não esqueça: ninguém nasce lúcido e ninguém compra lucidez no
varejo. Lucidez se constrói com algum esforço através da educação. Aquela
educação completa, a que é para a vida toda e que às vezes leva uma vida para
se completar. Mãos à obra, que ainda dá tempo!
Até a próxima...
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