O
entendimento de quatro pressupostos à cultura da organização, é um ponto básico
para o sucesso do diagnostico organizacional, geralmente naquelas intervenções
onde se torna fundamental compreender como a organização funciona ao ponto de
vista do comportamento humano:
a) Normas: São
padrões ou regras de conduta nos quais os membros da organização se enquadram.
A norma é um padrão que as pessoas obedecem sem levar em conta o lado bem ou
mau. As normas podem ser:
- Explícitas: E
as pessoas a elas se adequam conscientemente. Ex.: Manuais, estatutos,
regulamentos, etc.
- Implícitas
(subentendidas): Como aquelas regras de conduta às quais as pessoas se
conformam, mas não tem consciência.
Quanto mais conformidade existir entre
os dois tipos de normas, mais desenvolvida e eficaz será uma organização;
b) Valores: O
conjunto daquilo que a força de trabalho julga positivo ou negativo numa
organização constitui o sistema de valores da organização. Normas e valores
inter-relacionam-se, existindo, consequentemente, uma interdependência entre
eles; os valores podem estar refletidos nas normas, mas pressupõem se a norma é
boa ou ruim, uma vez que há avaliação. Refletem esses valores a sociedade onde
se insere a organização;
c) Recompensa:
Segundo um postulado das ciências do comportamento: "As pessoas se
comportam como uma função daquilo que recebem de recompensa ou reforço".
Portanto, é indispensável, no desenvolvimento do trabalho, procurar identificar
aos gerentes não só laurear os empregados de excepcional rendimento, mas que
também possa servir de estímulo aos menos dedicados;
d) Poder: Quem
tem poder na organização? Até que ponto esse poder é distribuído? Qual o grau
de centralização ou descentralização da autoridade? Quem determina as
recompensas?
ELEMENTOS DA CULTURA ORGANIZACIONAL
Tanto
o administrador como o consultor, precisam conhecer os elementos, as
caraterísticas e a dinâmica da cultura organizacional para o bom desempenho de
suas funções. A cultura pode ser dividida em três elementos componentes, cada
um abrangendo uma área de fenômenos:
a)
Preceitos: Conjunto de normas, valores, regulamentos, política
administrativa, tradições, estilos gerenciais que governam e controlam o
funcionamento organizacional. É a função reguladora, de autoridade dentro da
organização. Engloba não só as leis formais, como os costumes, rituais, padrões
e códigos informais, isto é, não estabelecidos oficialmente, mas obedecido
tacitamente. Em linguagem de análise transacional, corresponde ao Pai; em
linguagem da teoria sistêmica, relaciona-se ao subsistema gerencial
administrativo;
b) Tecnologia:
Conjunto de instrumentos, processos, know-how, modo de fazer as coisas,
lay-out, distribuição de tarefas, divisão do trabalho e fluxo organizacional. É
a função técnica, metodológica, científica, racional e operativa da
organização. Engloba o grau de maior ou menor estrutura das funções, grau maior
ou menor de certeza das tarefas e contato com o meio ambiente. Em linguagem de
análise transacional, corresponde ao Adulto; em linguagem de teoria sistêmica,
relaciona-se ao subsistema técnico-estrutural. Os intercâmbios culturais são
mais fáceis a nível tecnológico. Mesmo assim, passam pelo crivo dos preceitos e
caráter locais;
c) Caráter:
Conjunto de expressões ativas e afetivas dos indivíduos da organização,
manifestações subjetivas de idiossincrasias características dos comportamentos
grupais. Engloba as percepções, os sentimentos e as reações positivas ou
negativas dos sujeitos organizacionais. Em linguagem de análise transacional,
corresponde à Criança; em linguagem de teoria sistêmica relaciona-se ao
subsistema psicossocial ou comportamental.
Os
três elementos da cultura não são necessariamente equivalentes: Um ou outro
pode predominar na vida organizacional, pode ter maior expressão, atuar com
mais força. Há organizações eminentemente tecnológicas, outras mais normativas,
outras ainda em que é mais intensa a expressão do caráter. Não só a cultura é
diferente de organização para organização, em virtude dos conteúdos
preceituais, tecnológicos e caracterológicos envolvidos, como dentro da mesma
organização formam-se subculturas diferentes nas diversas unidades (divisões,
departamentos, sessões, etc.). O setor de vendas tem características diversas
da produção; a divisão administrativa tem uma subcultura diferente da técnica,
etc. Também ocorrem diferenças culturais ao longo da hierarquia, nos diversos
escalões gerenciais.
Os
três elementos culturais são interdependentes, isto é, cada um tem efeito sobre
os outros dois. Uma inovação tecnológica pode acarretar mudança nas diretrizes
organizacionais, com efeito conseqüente no seu caráter. A interdependência mais
estreita e direta ocorre entre preceitos e caráter. As normas são responsáveis
pela segurança e expressão das necessidades psicológicas dos indivíduos. O
abuso das manifestações pessoais ameaça a disciplina e a segurança da
organização.
As
especializações levam à formação de grupos com cultura própria. Os
especialistas sofrem conflitos de lealdade entre a organização em que trabalham
e o grupo de sua profissão, quando as duas culturas entram em choque. Por esse
motivo é mais lenta a formação de uma cultura própria nas equipes
multidisciplinares, em que trabalham técnicos de diferentes origens
profissionais.
A
empresa familiar caracteriza-se por uma cultura que reforça os preceitos e
tende a ser resistente às demandas externas. Está mais empenhada na preservação
dos seus valores do que em abertura e renovação. A organização brasileira
também revela cultura patriarcal. O estilo gerencial mais aceito é o
autocrático benevolente. Existe uma cultura organizacional típica das grandes
organizações que transcende as culturas sociais locais. Em outras palavras: As
grandes organizações, em diversas partes do mundo, são mais semelhantes entre
si do que as grandes e pequenas empresas no mesmo país.
Até a próxima...
Nenhum comentário:
Postar um comentário